O teatro de sombras de Ofélia
(Michel End)
O teatro de sombras de Ofélia
Este livro facilita o diálogo com a criança sobre a morte e a velhice porque o autor consegue escrever de uma forma simbólica e poética sobre esses temas. As ilustrações são muito bonitas e bem trabalhadas.
Tem como personagem principal uma velhinha, Ofélia, que tem esse nome porque seus pais queriam que ela fosse uma grande atriz de teatro.Morava numa pequena cidade, onde havia um teatro.
Como ela tinha uma voz fraquinha, ficava dentro de uma caixa que a platéia não podia ver e soprava as falas dos papéis para os atores.
Ofélia toda sua vida fez esse trabalho que a deixava muito feliz.
Com o surgimento das grandes cidades, dos automóveis, do cinema e da televisão, as pessoas iam às cidades mais próximas que tinham atores mais famosos. Assim o pequeno teatro da sua cidade fechou.
No último dia Ofélia sentou em cima da sua caixa e viu uma sombra.
Afinal, o que podem significar as sombras? Pode ser o lado escuro do ser humano, a ausência de luz.
A sombra aumentava e diminuía de tamanho e Ofélia não entendia como podiam existir sombras sem ter pessoas ou coisas. E a sombra respondeu:
_ “Existem muitas sombras no mundo que não tem dono. Ninguém quer saber delas. Eu sou uma dessas sombras. Chamo-me Sombra Marota”.
Penalizada, Ofélia convidou a sombra para ir junto com ela.
Podemos pensar que tendo perdido seu trabalho e seu teatro Ofélia acolheu seu lado escuro simbolizado pela sombra.
Com o passar do tempo, Ofélia trouxe outras sombras: “Negra angústia, Morte solitária, Noite enferma, Nunca mais e Peso oco”.
Em sua casa as sombras brigavam e Ofélia não conseguia dormir.
Para dar fim a esta situação ela recitou os grandes poetas para as sombras e elas aprenderam a representar todas as grandes comédias e as grandes tragédias do mundo. Representavam um gigante, um pássaro, diversos personagens e Ofélia soprava as frases que elas esqueciam para não perder o fio da meada.
As pessoas achavam Ofélia esquisita.
Um dia o proprietário do quartinho de Ofélia dobrou o preço do aluguel e como ela não podia pagar foi embora.
Carregava numa mão sua mala e na outra as sombras.
Pegou um trem sem saber para onde ir. Viu o mar e finalmente chegou numa aldeia.
As sombras para ajudar Ofélia pegaram um lençol branco da mala penduraram no varal e começaram a representar e Ofélia soprava para os atores sombras.
Apareceram pessoas e elas pagaram para assistir a peça.
Ofélia e suas sombras foram de aldeia em aldeia, de cidade em cidade, “as pessoas vinham, assistiam, riam e choravam”.
Ofélia ficou conhecida e era muito esperada por todos. As pessoas aplaudiam e todos pagavam alguma coisa. Com o dinheiro comprou um carro e percorreu o mundo todo com suas sombras.
Ofélia estava no carro no meio de uma tempestade e apareceu uma sombra muito grande, seu nome era Morte.
Houve um grande silêncio, tudo escureceu a volta de Ofélia, “mas subitamente ela se achou com olhos novos, olhos que eram jovens, claros e não mais velhos e míopes.”
Após sua morte ela estava na porta do céu.”À sua volta havia figuras muito bonitas trajadas com belas roupas coloridas e rindo para ela” Eram as sombras, amigas de Ofélia.
Michel End escreve:
“Elas a levaram a um maravilhoso palácio, que era, na verdade, o mais belo e suntuoso teatro que se possa imaginar. Na entrada, lia-se em grandes letras douradas:
TEATRO DE LUZ DE OFÉLIA
E desde aquele dia as sombras representam o destino do homem, segundo as grandes palavras dos poetas, que os anjos também conseguem entender. E assim eles aprendem como é mesquinho e como é grandioso, como é triste e como é divertido ser homem e viver na Terra.
E Ofélia sopra-lhes as palavras para que não percam o fio da meada.
Dizem também, que de vez emquando, o bom Deus vem assistir ao espetáculo. Mas isso a gente não pode afirmar com certeza.”
Na última página do livro lê-se: “Michel End, nascido em 1929, é hoje um dos mais conhecidos escritores alemães. Dele é a belíssima A história sem fim, publicada em várias línguas e transformada em dois filmes de sucesso. Devido à riqueza de imagens que ele consegue criar em seu texto, outros trabalhos seus deram origem a filmes para o cinema e para a televisão: Jim Knopff, seu primeiro livro, e Momo. Pelo conjunto de sua obra recebeu o prêmio Janusz Korczak, na Alemanha e o prêmio internacional Lorenzo il Magnífico.”
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