Resumo de O que é vida? - Lym Margulis e Doriam Sagan

VIDA: DAS PROTO-CÉLULAS A CIBERNÉTICA

Segundo os autores, a vida na Terra é um processo que permeia a matéria elementar oriunda de explosões estelares, transformando-a e a reorganizando num caos artístico controlado e orquestrado por um conjunto de reações químicas complexas. Vida que é mantida por uma fina membrana que conserva no seu interior matéria em permanente desequilíbrio químico, que persiste neste estado, pois o equilíbrio equivale à morte. Desta forma vida é simbiose, é fusão, é troca de gens; é meiose que desafia a morte estendendo-se através da prole para as gerações seguintes e para as espécies seguintes; é mitose que perpassa todas as vidas existentes. Vida é a energia solar aprisionada na matéria vegetal, é fogo verde (fotossíntese), é a energia solar que reage no interior de cada uma das nossas células vivas, é a sedução colorida e perfumada das flores, o cheiro do bosque, é o orvalho da manhã, é a criatividade da natureza.
A vida é autopoética, pois controla e regula as condições necessárias para a sua existência na superfície terrestre, utilizando a energia solar para transformar matéria em vida, em células aptas à reprodução, a auto-regulação, a simbiose e a cooperação, num constante padrão de avanço e recuo, de transformação e decadência, de substituição (vida e morte) que vem ocorrendo a quatro bilhões de anos. Desta forma, a vida é maior do que a célula ou o organismo, ela inclui a biosfera, o meio ambiente da superfície planetária, a formação das nuvens, a química dos oceanos, a absorção e a reflexão dos raios solares. A vida é a criatividade da matéria. A sua tecnologia precede à humana, desde os olhos, os ouvidos, o sonar dos morcegos, a absorção de calor dos vermes, a luminescência de alguns peixes marinhos e as características específicas de um incontável número de seres, que andam, rastejam, voam, escavam e pensam. Tudo orquestrado em uma sinestesia incalculável de sentidos misturados, uma única consciência. A inspiração para as nossas tecnologias, a própria evolução, e no seu auge, uma espécie consciente da sua consciência, os humanos. Assim, a vida é ciência e reatividade, é consciência e auto-consciência, é a vanguarda da biosfera interligada, é a energia solar na sinergia senciente. É a fisiologia da vida planetária resultante da interação de inúmeros seres, dentre eles, os fungos. A Gaia – Terra viva – tem os fungos como lixeiros padrão que transformam a matéria em nutrientes utilizáveis. A vida tanto procura o submundo do solo e da podridão quanto às paisagens ensolaradas e carregadas de seres fotossintetizantes. A vida é auto-renovadora, e os fungos, reciclam e mantêm toda a superfície terrestre fervilhante de vida, é transmigrando a matéria que eles encontram a sua vocação. Criando e destruindo, atraindo e repelindo, garantindo e derrubando, eles são parte integrante de GAIA. Neste processo, qualquer forma de vida, qualquer população em crescimento, tem dois caminhos: ou se integra à biosfera e coopera, ou se extingue. A humanidade trilha a segunda opção... Mas se continuarmos a existir uma coisa é certa, nossos sucessores guardarão vestígios do passado, que é o nosso presente. Temos 98% de genes iguais aos dos chipanzés, transpiramos líquidos que lembram a água do mar, ansiamos pelo açúcar que forneceu energia aos nossos ancestrais, carregamos o nosso passado, a nossa história biológica, somos animais, somos micróbios, somos substâncias químicas. Vivemos na biosfera, pertencemos à vida, cada um de nós é um meio ambiente completo para bactérias, fungos, nematódeos, ácaros que vivem dentro do nosso corpo, na superfície da nossa pele e entre ela, em nossas lágrimas e em todas as nossas secreções, dependemos da vida que vive no nosso interior e exterior.
Em conjunto formamos um ser mais-que-humano com extensões tecnológicas, meios de transporte, de comunicação, acúmulo de conhecimentos de gerações anteriores, mas somos totalmente dependentes das

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