Arroz do céu
(José Rodrigues Miguéis)
O conto Arroz do céu foi escrito por José Rodrigues Miguéis quando este residiu em Nova York. A história é especialmente dirigida aos mais novos, apesar de ser uma lição de vida também para graúdos. Os temas abordados são a imigração, a exclusão social e desigualdade de oportunidades num país de imigração, a pobreza, entre outros.
A narrativa é de registo quase poético, a lembrar Dickens. A alegoria religiosa está bem presente no título. De resto, a este propósito, destaque para a crítica implícita a uma sociedade onde o consumismo fútil (a quantidade de arroz desperdiçada nos casamentos do uptown) contrasta claramente com as necessidades extremas de sobrevivência do imigrante.
A história narra o quotidiano de um emigrante de leste cujo trabalho é o de limpar o lixo que os cidadãos inconscientes deitam para a rua, nomeadamente para os respiradouros das galerias do metro. Vive então como uma toupeira ou rato dos canos, metáfora perfeita da sua condição social, gozando apenas a luz do sol de forma indirecta – aquela que “cai” pelo respiradouro do metro. Juntamente com a luz vinda lá de fora caem também os detritos que os transeuntes nova-iorquinos – e também os varredores das ruas – acham por bem, por comodismo, atirar para o respiradouro.
Mas, no outro respiradouro próximo da Igreja, aos Domingos, acontece sempre um estranho fenómeno. Sempre que o sino toca, festivo, anunciando um casamento, pelo respiradouro caem grãos de arroz aos milhares, que o limpa-vias tem que apanhar. Não é lixo para ele. É uma dádiva vinda dos céus. É ouro para si e para a sua família faminta. E ele agradece aquela dádiva com a humildade dos desprotegidos. Afinal, aquele arroz vem do céu, porque não? O casamento não acontece com a bênção de Deus? Logo… escreve Deus direito por linhas tortas.
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