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Eu lembro-me de ser um grande fã do programa de TV O incrível Hulk quando era miúdo, e das séries Hulk, Homem-Aranha, O Quarteto Fantástico, e os X-Men quando saíram como filmes. Sempre pensei que retratavam a doença mental de uma forma bizarra, mas nunca entendi o significado que tinham para mim até recentemente. Foi ao ver o último filme dos X-Men, X-Men: The last stand, que tudo se tornou claro para mim. Nós somos os X-Men.
Stan Lee e os criadores de todos aqueles personagens mostraram uma introspecção incomum na natureza de nossa condição e das nossas lutas. Todos os seus personagens têm poderes especiais. Têm também estranhas peculiaridades e idiossincrasias. Sobretudo, lutam com os seus poderes e com a sua incapacidade de os controlar.
Ao ver X-Men: The last stand dei-me conta de diversos personagens com os quais me poderia identificar. Queriam viver uma vida “normal” e não puderam ver o benefício de um poder que não conseguiam controlar. Foram sujeitos à avassaladora pressão para serem “curados”, e muitos sucumbiram à promessa de uma vida “normal”.
Muitos lutaram para ver as possibilidades de aproveitar os seus poderes para o bem. Enquanto ganhavam a habilidade de utilizar os seus dons únicos, descobriram que poderiam controlar seus super poderes e torna-los uma vantagem.
Enquanto eu luto com a minha condição, aprendi que mesmo alguns dos poderes que não tiveram nenhum benefício aparente eram uma fonte de grande força. Vejo agora que os meus “super poderes” me dão a capacidade de fazer coisas que um ser “normal” não poderia sequer imaginar. Também vejo que a minha falta da aptidão de os aproveitar e de os manter sob controlo levou-me perigosamente perto de minha própria morte.
Como os personagens criados por Stan Lee, eu também teria feito qualquer coisa para ser “normal,” mas no fim escolheria entrar na batalha final: aprender a ter os meus poderes sob controlo e utilizá-los para o bem.
O maior poder de todos é a minha aptidão de entrar em tão profunda depressão que consigo ganhar introspecção acerca do verdadeiro significado da vida. Ajuda-me a encontrar significado e objectivo além da sobrevivência diária, e ajuda-me a apreciar a vida em toda a sua riqueza. A capacidade de ir desde as profundezas da depressão às alturas da mania tem dado riqueza à minha vida.
É claro que com tais poderes, vem a luta contra eles e a nossa incapacidade de os dominar para o bem. No fim, nós não temos escolha senão controla-los com todos os meios disponíveis, incluindo medicação, terapia, e o nosso próprio trabalho árduo. Entretanto, muitos escolhem desistir, com medo de nunca ganhar controlo suficiente.
O problema não é que nós sejamos mentalmente doentes; o problema é que nós experimentamos 150 por cento de o que as pessoas “normais” experimentam e sentimo-nos frustrados porque ainda não aprendemos como lidar com isso. Mas isso não significa que conseguir o controlo é impossível.
Através de trabalho incrivelmente árduo e a ajuda de uma equipa inteira de apoiantes, podemos aprender a ter os nossos poderes sob controlo e começar realmente a vê-los como dons únicos a estimar. Se reunirmos uma equipa e um plano sólido que faça uma aproximação lenta e progressiva, podemos ver resultados modestos a curto prazo, e realizações que são verdadeiramente miraculosas dentro de alguns anos.
Conforme começamos a aprender, adquirimos a habilidade de lidar com o nosso poder. Os nossos médicos e terapeutas reconhecerão a nossa capacidade de controlar a nossa condição mais e melhor e podem diminuir a nossa medicação de modo a não nos sentirmos tão longe de nós próprios. Muito lentamente, e com supervisão próxima, nós podemos ajustar a medicação ao mínimo necessário para nos mantermos controlados. Conforme desenvolvemos a introspecção e fazemos um esforço maior, o nosso alcance expande e nós começamos a experimentar as elevações do mania e as profundidades da depressão sem perder o controlo.
Enquanto o nosso alcance expande, enfrentamos novos desafios que por vezes não somos capazes de resolver. No entanto, com supervisão apropriada, nós tornamo-nos muito melhores a reconhecer os limites das nossas capacidades. Assim, podemos sintonizar a medicação e os nossos esforços funcionam em melhor escala.
A descoberta chocante veio quando eu comecei a aprender a ver os benefícios da depressão. Conforme fui aprendendo a compreender o que se passava, aprendi que poderia funcionar muito bem num estado deprimido e proporcionou-me introspecções que eu nunca sonhei serem possíveis. As melhores mudanças que nós fazemos em nossas vidas são frequentemente o resultado das introspecções ganhas na depressão. Nós podemos realizar muitas coisas quando maníacos, mas os desejos de reavaliar as nossas vidas e fazer mudanças não estão entre elas.
Esta exploração é revigorante, mas deve somente ser feita com a ajuda de uma equipa profissional. Será preciso um esforço e tenacidade tremendos; haverá muitas vezes em que irá parecer perdido, como se não esteja a fazer progresso algum, ou até a retroceder. Mas se olhar para trás o suficiente, pode sempre ver o progresso que, se continuado, conduzirá inevitavelmente ao sucesso.
Ao longo do percurso descobrirá “super poderes” que nunca supôs ter. E o melhor de tudo, é descobrir-se a si próprio e perceber que esses poderes lhe foram dados para o ajudar ao longo do caminho. Stan Lee disse frequentemente: “Com grande poder vem grande responsabilidade.” É a nossa maior responsabilidade manter os nossos poderes sob controlo ao aprender a aproveitá-los para o bem.
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