Pitágoras: sábio ou místico?
(Elnora Gondim)
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Pitágoras é apresentado como um homem de ciência, como o mentor de doutrinas místicas, isto se deve ao fato dele não ter escrito nada e dos acusmáticos terem divulgado a sua doutrina. Portanto, desta maneira, ocorreu uma literatura corrente de valor, em grande parte, como testemunho histórico das doutrinas do próprio Pitágoras. Atualmente, alguns trabalhos são considerados ficções pseudônimos de origem posterior [1] .
Para Pitágoras, o número é a arché de todas as coisas. Este é entendido tanto no sentido quantitativo, isto é, matemático, como no sentido qualitativo, ou seja, metafísico.
Nos números são distintos os pares (ilimitado) e o ímpar (limitado). Eles são entre si opostos e esta oposição se encontra em toda a natureza, explicando assim os seus contrastes. Os números são a razão do dever e da harmonia. Por este motivo, nas coisas há um princípio de ordem e harmonia.
O s números são a força geradora da natureza tanto em relação ao dever quanto à harmonia, onde a harmonia das quantidades, tais como limitado-ilimitado, é o fundamental.
Os números constitutivos do Cosmos e de sua ordem têm um princípio gerador, ou seja, o Um eterno e imutável. Há um dualismo caracterizado por um lado o Um (princípio) e de outro os números e as coisas das quais os próprios são leis intrínsecas. A unidade se compõe de antíteses, estas sofrendo as suas mutações e se aquietando.
O Cosmos, para Pitágoras, é uno, sem partes, compacto e limitado. Ele é uma esfera vivente dotada de respiração e ao respirar, algo penetra no seu interior desagregando sua unidade, com isto se origina a pluralidade numérica das coisas, onde cada uma é igual a unidade ou a um número. Neste sentido, surge o conceito do contrário, pois ao respirar o Cosmos provoca uma dualidade no conceito de todas as coisas, provocando uma antítese de todos os elementos criados. Porém, há um vínculo que os coordena, isto é, a harmonia e os números são os princípios de todas as coisas. Sendo assim, o infinito e a verdade são a essência das coisas! Através dos números Pitágoras explica as realidades físicas e as qualidades morais, onde os números não são abstrações e sim coisas concretas.
A alma, no Cosmos, vai tomando distintos corpos em todas as coisas. A forma mais alta da alma são os astros: a alma é eterna por ser semelhante aos astros e tem com eles sua verdadeira morada. Ela pode eleger em que corpo vai se introduzir como, por exemplo, o corpo de um animal, de uma planta, de um homem, etc. Por este motivo, há um parentesco entre todos os seres vivos.
Em se tratando do homem, ele é composto de corpo e alma. As almas são partículas despreendidas da pneuma infinita que vagam ate se encontrarem nos corpos, nos quais entram por respiração. A alma é um número que move a si mesma. Ela é um princípio motor relacionado com a respiração cósmica que é, também, um meio de conhecer a harmonia universal onde a música tem um papel fundamental nisto, pois através dela as paixões se acalmam e se eleva o espírito a perceber a harmonia em todas as coisas.
A música, para Pitágoras, é sinônimo de harmonia e esta relacionado ao mito de Orfeu.
Orfeu era um poeta, casado com Eurídice. Ele sendo atacado por um cidadão, quem morre é ela.Orfeu inconformado toca sua lira, a qual tem um poder formidável. Com isto, ele vai ao mundo dos mortos e consegue encontrar os deuses dos mortos, fazendo com que Eurídice o acompanhe. Porém, embora ele tenha conseguido este feito, isto tem uma restrição: ele não pode olhar para Eurídice. Ao fazer isto, quando ele volta para a terra, Orfeu não quer saber de nenhuma mulher. As memphis não suportam ser descartadas e cortam a cabeça de Orfeu, porém sua boca continua cantando.
Pitágoras era impregnado pelo mito de Orfeu e afirmava que a preocupação com a morte é um cegar para o poder pensar .
Neste sentido, Pitágoras fala em uma vida incluída na morte, onde no momento que o sopro acaba, acaba tudo.
Pitágoras foi um cientista e um filósofo antes de ser um místico. Ele fundou um
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