Pitágoras e Zenão: um esboço
(Osvaldino Marra Rodrigues)
PARMÊNIDES E ZENÃO: UM ESBOÇO
P armênides nasceu na cidade de Eléia, entre os anos de 515 – 510 a.Cl.
Conforme testemunho de Platão, Sócrates teria conhecido pessoalmente Parmênides: “Na verdade, encontrei-me com o homem quando eu era muito novo e ele muito velho, e pareceu-me que tinha a profundidade de uma grande raça.” Ainda conforme referido testemunho, Sócrates teria afirmado que, provavelmente “não compreendamos as suas palavras e que em muito nos ultrapasse o que pensava.” O mesmo testemunho é encontrado em outro diálogo de Platão, intitulado Parmênides: “Sócrates nessa época era bastante jovem.”
Conforme testemunhos antigos, Parmênides teria elaborado quatro consideráveis avanços científicos à época:
A) a terra é dividida em cinco zonas, delimitadas pelos dois trópicos e pelos círculos Ártico e Antártico;
B) a terra é esférica;
C) a lua recebe sua luz do sol;
D) a estrela vespertina e a matutina seriam o mesmo planeta (Vênus).
Além disso, os sistemas filosóficos e científicos que postulam princípios de conservação (de substância, matéria, matéria-energia) são herdeiros do princípio de dedução postulado por Parmênides, cujo pensamento foi conservado num único poema, “Sobre a Natureza”, do qual não temos acesso em sua forma integral, mas apenas aos 160 versos conservados por seus comentadores.
Originalmente o poema seria, provavelmente, dividido em duas partes: a primeira trata do Ser e a segunda, da física ou sistema do mundo. Neste poema filosófico a ênfase recai sobre os problemas relacionados ao “Ser” e aos princípios do conhecimento verdadeiro. Nele, Parmênides faz uma distinção entre a verdade ( alhqeia ) e aparência ( doxa ). A razão, pela primeira vez denominada logos, nos conduziria à verdade, enquanto os dados obtidos pelos sentidos, à aparência. Estas são as duas vias do Ser; a do não-Ser seria uma terceira, mas é inacessível, dirá a deusa:
Pois nunca à força será mantida a demonstração de que existe o que não é, mas deves afastar o teu pensamento desta via de investigação, e não permitir que o hábito, filho da muita experiência, te obrigue a seguir este caminho, ao fazer com que uses um olhar que para nada se dirige ou um ouvido e uma língua cheia de sons e significados: julga com a razão a prova muito contestada, a que me referi.
A deusa que dita a Parmênides as palavras de Sabedoria, o esclarece:
... te direi os únicos caminhos da investigação em que importa pensar. Um, [aquilo] que é e que é impossível não ser, é a via da Persuasão (por ser companheira da verdade); o outro, [aquilo] que não é e que forçoso se torna que não exista, esse te declaro eu que é uma vereda totalmente indiscernível, pois não poderás conhecer o que não é – tal não é possível – nem exprimi-lo por palavras.
Discípulo mais conhecido de Parmênides, Zenão, também nasceu em Eléia, provavelmente por volta de 489 a.C. É conhecido por seus intricados argumentos sobre o paradoxo do movimento, sobre a ilusão do mesmo. É possível relacionar os problemas elaborados por Zenão em defesa das teses de Parmênides: “esses escritos prestam uma assistência ao argumento de Parmênides contra os que tentam caricaturá-lo, <dizendo que>, se o um é, resulta para o argumento ser afetado por coisas múltiplas e ridículas, e mesmo contrário e ele próprio. Assim sendo, esse escrito contesta os que dizem <haver> o múltiplo, e lhes devolve na mesma moeda, com juros, ao querer demonstrar que a hipótese deles, de que há múltiplas coisas, seria afetada por coisas ainda mais ridículas do que <a hipótese> de que um é, se elas fossem desenvolvidas suficientemente.”
Conforme estudiosos, caberiam a Parmênides e a Zenão a inspiração do método utilizado por Sócrates, o elenchus, [1] oriundo da dialética. Inicialmente, dialética estava vinculada à política. Sua aplicação visava ao propósito de vencer as disputas públicas e derrotar publicamente o adversário. A dialética atingiu a maturidade com os sofistas, filósofos itinerantes e livres, sobretudo com a antiologia, um recurso discursivo que sustentasimultaneamente teses opostas ensinadas àqueles que procuravam destaque no espaço público e que precisavam, portanto, combater as oposições dos adversários e derrotá-los.
Resumos Relacionados
- Metafísica:introdução Geral
- O Mundo De Sofia
- As Raízes Do Pensamento Filosófico
- Aparência E Realidade - O Livro Do Sabe Tudo
- Philosophy
|
|