A Importância da Universidade Pública no Brasil
Autor: Raimundo da Silva Santos Júnior (Juruti)
Em: 25 de maio de 2008
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O mundo capitalista impõe suas regras no jogo social. A cada
dia o “público” perde espaço diante do privado. No que se refere ao crescimento
da Universidade Privada no Brasil esta realidade é visível. Não são poucas as
discussões sobre o abandono da Universidade Pública brasileira.
Sabe-se que o Estado a cada dia tem
retirado sua responsabilidade social, conseqüentemente os recursos
destinados a setores essenciais para a organização de uma sociedade
mais humana, tem-se tornado mínimos. "Dentro do ideário neoliberal de
Estado mínimo, os recursos e financiamentos que têm sido alocados na educação
superior pública e laica, em nosso país são, a cada ano, mais irrisórios"
(COIMBRA,
[email protected]).
Um fato de grande
relevância para potencializar nossa reflexão, foi a reforma realizada no último
governo da República, reforma esta na qual educação, saúde e cultura passaram a
pertencer ao setor de serviços não exclusivos do Estado.
Essa localização da educação no setor de serviços não
exclusivos do Estado significou: a) que a educação deixou de ser concebida como
um direito e passou a ser considerada um serviço; b) que a educação deixou de
ser considerada um serviço público e passou a ser considerada um serviço que
pode ser privado ou privatizado. (CHAUI,2003,p.5).
Ao criticar a privatização da Universidade Pública, não
estamos interessados em transformá-la em uma instituição primitiva,
desvinculada da nova ordem mundial. No entanto, temos interesse em refletir
sobre sua importância no contexto brasileiro, este marcado pela distribuição de
renda irracional, país onde os menos favorecidos pagam mais impostos que os ricos,
de acordo com pesquisa do Instituto de Pesquisa Aplicada (IPEA) em 2008.
A permanência da Universidade Publica em boas condições, com
investimento financeiro que favoreça atender todas as áreas do conhecimento de
igual modo, sem sucatear uma em favor de outra, é de fundamental importância
para a manutenção da análise crítica sobre nossa desigualdade social.
A idéia de sucatear a Universidade Pública tem dois
objetivos específicos que merecem nossa atenção: 1) fragilizar a criticidade, o
descontentamento, pois, sabem que é neste espaço que as discussões sobre nossa
realidade florescem e se maximizam. 2) transicionar a universidade
paulatinamente até que esta perca sua identidade social e chegue a
considerar-se como uma mera organização de mercado. A idéia é que a
Universidade deixe de assumir-se como instituição social, que reflete e discute
sobre a complexidade da estrutura que forma a sociedade brasileira e se
fortaleça no jogo competitivo da mercantilização do saber com as Universidades
Privadas. Sobre esse aspecto atentemos para o que enfatiza Marilena Chaui: “A
instituição tem a sociedade como seu princípio e sua referência normativa e
valorativa, enquanto a organização tem apenas a si mesma como referência, num
processo de competição com outras que fixaram os mesmos objetivos” (2003,p.6).
Manter a Universidade Pública com seu papel emancipador,
voltada a discutir a tese da exclusão social, da distribuição de renda
irracional em nosso país, é um grande desafio. Nosso contexto é de globalização
da economia e ao mesmo tempo de individualismo.
