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A Hora e a Vez de Augusto Matraga-Sagarana
(João Guimarães Rosa)

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Augusto Matraga é Augusto Esteves,
conhecido como Nhô Esteves.A história começa em um leilão de igreja, no
arraial da Virgem Nossa Senhora das Dores do Córrego de Murici. Nhô
Esteves arrematou, por cinquenta mil réis, uma mulher da vida, só prá
mostrar poder e depois rejeitá-la, achando-a muito magra. Quim
Recadeiro, tinha recado de sua esposa Dionóra, que precisava falar com
ele antes da viagem que ia fazer de manhã.Nhô Augusto respondeu mal,
que ele não ia pra casa.Essa era a vida de Dona Dionóra desde que
casara, sendo sempre humilhada pelo marido.Sua filhinha, Mimita,
perguntava sempre porque o pai não gostava delas.Agora tinha outro
interessado nela: Ovídio Moura, homem direito, que estava disposto a
carregá-la dali, mais a menina . Mas Dona Dionóra temia por ela e pela
filha, que Nhô Augusto fosse ao seu encalço até matá-la. No dia
seguinte, saíram de viagem para o Morro Azul, ela, a menina e o Quim
Recadeiro a cavalo. No caminho, encontraram seu Ovídio Moura que
suplicou a Dionóra que fosse com ele. E levou as duas. Quim voltou
correndo a avisar o patrão.Nhô Augusto, ao saber da fuga, armou-se para
ir ao encalço dos fugitivos ,mas, ao mandar chamar seus capangas,
recebe a notícia de que eles agora trabalhavam para o Major Consilva.
Afrontado, foi até a fazenda do Major tirar satisfações. Lá, foi
espancado, marcado a ferro, cortado e quase morto, se não fosse ter se
lançado no barranco aonde iam jogá-lo depois de morto. Porém, um casal
de pretos que morava na beira do barranco, levou-o para casa e tratou
suas feridas durante meses.Ali, à morte, Nhô Augusto se
arrependeu dos seus pecados entendendo que Deus havia lhe dado nova
chance.O padre foi chamado para ouvir sua confissão e aconselhá-lo.O
conselho do padre foi que trabalhasse e rezasse porque cada um tem sua
hora e sua vez.Já melhor, Nhô Augusto resolveu ir dali para um pequeno
sítio que possuía nos confins do sertão. Os negros foram junto com ele,
porque ele era como um filhoDepois de andar dias e noites evitando a
estrada e o caminho das boiadas, chegaram no sítio que ficava no
povoado do Tombador, onde ninguém passava. Aquele homem
parecia louco e santo e logo passaram a gostar dele, pois só
trabalhava, ajudando a todos sem querer pagamento.Não gostava de
conversa com ninguém, só falava sozinho. Repetia a frase: cada um
tem sua hora e sua vez e que a dele haveria de chegar.Não fumava, nem
bebia, nem se interessava por mulher.Um dia passou por ali um conhecido
de Nhô Augusto, o Tião da Thereza, dizendo que Dona Dionóra
estava com seu Ovídio e pensavam em casar na igreja, já que
o dava por morto; a filha havia caído na vida. O Major Consilva havia
ficado com as duas fazendas de Nhô Augusto, mas o pior tinha acontecido
com o Quim. Quando soube do que fizeram com seu patrão, foi tirar
satisfação. Acabou morto.

Daí em diante passou a andar triste, querendo voltar aos pecados. Mãe
Quitéria aconselhou que rezasse, que trabalhasse e tudo
passaria.Sofreu por muitos meses até que um dia a tristeza foi
passando e ele achou que Deus o estava perdoando.Apareceu um bando de
matadores com seu líder: Joãozinho Bem-Bem, temidos por todo o sertão.
Nhô Augusto foi ao seu encontro e fez questão de hospedá-los . O
matador gostou dele e, vendo seu interesse por armas, convidou-o a
juntar-se ao bando. Nhô Augusto, tentado, não podia desperdiçar
todos aqueles anos em que havia buscado a redenção e rejeitou o
pedido.O matador ofereceu que se ele tivesse algum inimigo era só
dizer que eles o vingariam. Nhô Augusto negou .E foram embora.
Nhô
Augusto sonhou que Deus era valente como o Joãozinho Bem-Bem e
que mandava ele brigar enquanto tomava conta.Passou a trabalhar ainda
com mais vontade e agora sentia falta de mulher, o que achava bom,
porque assim, julgava, a penitência tinha mais valor.Depois de algum
tempo, cismou que a sua hora estava chegando e que tinha de ir esperar
por ela noutro lugar. Não adiantou a mãe Quitéria e o pai Serapião
tentarem detê-lo. Queria ir a pé, mas aceitou levar o jumento porque a
mãe preta convenceu-o de que era um animal sagrado,
lembrando a vida de Jesus.Montou no bicho e deixava que este escolhesse
o caminho e a marcha da viagem. Iam cada vez mais pro sul. Estavam
muito perto do Murici, mas Nhô Augusto nem se importava, porque
acreditava que Deus guiava sua viagem.Entraram no arraial do Rala-Côco
e o bando do Joãozinho Bem-Bem ali estava. O matador recebeu o viajante
com alegria e falou que estava ali pra vingar a morte de um dos
seus, o Juruminho,. que, pela lei do sertão, agora um irmão do
assassino que fugira, tinha que pagar. Veio o velho, implorar por sua
família, oferecendo-se pra morrer no lugar de seu filho, mas o matador
não aceitou: tinha que ser um dos moços .O velho começou a briga e Nhô
Augusto pulou em defesa deste e matou alguns. Parecia possuído.
Gritava nomes feios e que tinha chegado sua vez. O chefe do bando
mandou todos se afastarem que ele iria mata-lo. Brigaram e Nhô
Augusto abriu toda a barriga de Joãozinho Bem-Bem que morreu
exultante por ser na mão do homem mais corajoso que já conhecera.
Morreu também o Nhô Augusto, que estava ferido de morte, feliz,
abençoando a filha e a mulher.



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