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Atrás de um Grande Amor
(Giuliano Cézar Kid)

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Atrás de um grande amor, este seria o nome do filme. A estória seria um grande filme pornô, com muitas loucuras, safadezas e pouco pudor. Nada de difícil de fazer, com muito tesão, juras de amor e promessas de felicidade. Um filme quente, excitante, um festival de prazer. Mas aí surgiu o conflito entre o diretor e o roteirista.
O diretor acusava o roteirista de utilizar uma perspectiva viciada, que distorcia cenas e delas colhia apenas o belo, ou o que assim melhor lhe parecia. O roteiro trabalhava com muita penumbra o que deixava faltar às cenas as luzes que elas mereciam.
O roteirista preocupado com a fluidez da estória que queria criar – omitia os detalhes, riscava cenas impróprias, enfeitava o argumento – Câmera em close na cena, o figurino e a cenografia dançavam um jogo orquestrado para harmonizar a beleza da criação.
O diretor queria luz, câmera aberta, desvendar detalhes, cenas de ciúmes, planos longos nos cenários, figurantes que protagonizassem enredos que só deveriam existir no making off, emoções negativas: choro, baixarias, mentiras e rancores.
Quase quatro anos de trabalho acabados assim. O roteirista abandonou o filme para o diretor escrever. Uma grande cumplicidade interrompida por jogos de vaidade. Uma separação que não iria somente sangrar, mas doer muito ainda, mesmo com a cicatriz fechada.
O diretor escrevia bem e começou a compor uma poesia triste, beirando à loucura. O roteirista não queria escrever uma nova estória. O silêncio do tempo chamando-os de volta... Não foi difícil darem o braço a torcer, pelo menos frente à frente, pois no íntimo cada um tinha um dragão enorme para matar ao se proporem filmar juntos novamente. Como que pisando em ovos, cada um buscava olhar com os olhos do outro para propor uma nova cena. Procuraram se especializar, estudar os caprichos alheios, evitar qualquer desgaste mútuo. A união dos dois no mesmo projeto era mais importante que qualquer beleza, qualquer criação. Somente essa união já era uma bela criação.
Fascinados por trabalharem juntos novamente, com medo de se perderem para sempre, o diretor passa a freqüentar ocultamente outros roteiristas que lhe sugerem viagens mais distantes, recursos de fotografia, trilha sonora renovada, e o roteirista capricha nas cenas de ciúmes, apimenta a trama com dúvidas e videotapes, ultimatos e frustração.
O filme foi se tornando uma decepção. Por detrás de tanto amor, desilusão. Tanto mexeram, remexeram, remendaram a estória que esqueceram de filmar. O prazo acabou, o patrocínio esgotou e a película virgem nenhuma cena registrou. Agora ela, o diretor, aluga filmes de outros autores e ele, o roteirista escreve contos tristes e beirando à loucura. Ambos esperando que, um dia, a vida possa levá-los atrás de um grande amor.



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