Quando Nietzsche chorou
(Irvin D Yalom)
Quando Nietzsche chorou
Irvin D Yalom
Com um arroubo de criatividade, o escritor e psicanalista Irvin D yalom concebeu um livro extraordinário que apresenta uma linguagem inovadora, que narra o hipotético encontro entre Joseph Breur, o pioneiro da Psicanálise e Friedrich Nietzsche, Pensador e pregador da honestidade intelectual na Filosofia. Quando Nietzsche chorou mostra uma cármica aproximação entre Nietzsche e Breur onde ambos redimensionam, a cada encontro no divã o potencial instrumental dessas áreas do conhecimento humano para a vida cotidiana. A Filosofia e Psicanálise são apresentadas ao leitor de forma direta e sem devaneios intelectuais. Na história escrita pelo autor o encontro entre Nietzsche e Breur ocorre por intervenção de Lou andréas-Salomé amiga e paixão mal resolvida de Nietsche. Intrigada com o mal estar físico constante do amigo Nietzsche, o filósofo sofria de enxaquecas terríveis, Salomé acreditava que a origem das enxaquecas não era patológica. Com isso, buscou apoio médico com grande terapeuta da época, Breur, que recém descobrira (1880) novos métodos psicanalíticos (hipnose e a terapia da conversa) para tratar depressão e nervosismo. Breur descobriu que sintomas de neuroses resultam de processos inconscientes e desaparecem quando esses processos neuróticos tornam se conscientes, denominou esse processo de catarse. Processo bem disseminado por um aluno seu aplicado e mais conhecido, Sigmund Freud.
Embora aturdido pelos problemas de saúde, Nietzsche reluta em aprofundar se na relação medico/paciente com Breur. O psicanalista conceituado e aclamado por seus pares vê-se em dilemas pessoais e morais, depois de tumultuado relacionamento amoroso com uma paciente (o caso Ana O) que proporcionou rupturas na sua reputação e no seu casamento. E, Breur, pouco a pouco convence se que o grande pensador pode ajudá-lo na sua angustia pessoal e curar o seu desespero. Logo envolvem se numa brilhante permuta intelectual em que ambos são terapeutas e pacientes. Estabelece se a “filosofia do desespero” para ajuda mútua. Diálogos riquíssimos são travados sob a perspectiva da qualificada obra de ambos pensadores. Os aforismos, marca indelével do pensamento e obra de Nietzsche, são apresentados claramente em diálogos provocantes para “freadas de arrumação” na vida de ambos. Os dois terapeutas vão produzindo laudos brilhantes sobre os casos : Nietzsche e Breur ; e com isso transmiti se conhecimentos do universo intelectual individual desses magníficos pensadores.
Entre idas e vindas da enigmática Salomé, que era escritora/feminista e mulher fatal da época, ao consultório do psicanalista, o leitor vê se inserido na tematica e devorando as paginas desse belo livro e ótimo ensaio transcendental.
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