Jeitinho Brasileiro - a arte de ser mais igual que os outros.
(Lívia Barbosa)
Na verdade o jeitinho é sempre uma forma “especial” de resolver imprevistos. Ou seja, é uma solução criativa em situações difíceis.
Nesse estudo, através das respostas dos entrevistados, foi visto que há três estágios desse jeitinho: o favor que é algo positivo, o jeito que dependendo da situação pode ser positivo ou negativo. E a corrupção, que obviamente é negativo. O que caracteriza a passagem de uma categoria para a outra é muito mais o contexto em que a situação ocorre e o tipo de relação existente entre as pessoas envolvidas. O favor para a maioria das pessoas implica em uma reciprocidade direta. Já o jeito é a noção de que sempre que surge uma oportunidade as pessoas dão o jeitinho umas para as outras. A singularidade do favor e do jeito é que o jeito pode-se pedir a um desconhecido, ao contrario do favor, pois este requer confiança. Outra singularidade do jeito é que quase sempre envolve alguma infração.
Portanto, para a maioria das pessoas, existe uma distinção clara no nível de representação simbólica entre as três categorias mencionadas: favor, jeito e corrupção.
O que é mais interessante nesse estudo é ver que não há domínios em que não seja possível se dar um jeitinho. Como por exemplo, na vida familiar, emocional, sexual, financeira. Mas algumas pessoas afirmam que em algumas situações poderia se difícil dar jeito. Geralmente essas situações estão envolvidas ao organismo biológico, me refiro a casos de doenças, mortes e acidentes pois não há como impedir a tempo. Por isso o uso da expressão popular: “na vida só não há jeito para a morte”. Outras situações em que é difícil de dar um jeito seriam em que os “contatos” (possíveis facilitadores) estariam excluídos, como: vestibular, concursos e o fato de ter que trabalhar para sobreviver.
A técnica do jeitinho
A estratégia utilizada é sempre envolver emocionalmente no “seu problema” a pessoa de quem se depende naquele momento. Para isso, procura-se apelar para “os bons sentimentos”, “boa vontade” e “compreensão” do interlocutor para a situação.
Compartilhar os problemas pessoais da vida de cada um é pratica disseminada em todos os segmentos sociais. Ao tomar conhecimento dos problemas ou eventualidades que afligem terceiros, as pessoas envolvidas se sentem “constrangidas” em não levá-los em consideração.
Para Fernando de Oliveira (revista Veja 07/11/1984) seria preciso primeiro dizer não aos amigos e depois cortar o evitar todos os laços com a sociedade. Caso contrário é impossível ser eficiente e fazer cumprir a lei.
É praticamente comum e universal as filas se organizarem por ordem de chegada. Nesse contexto, onde eficiência e desempenho não contam e, portanto, do ponto de vista lógico não deveriam existir, o uso de expedientes como o jeito ou simplesmente o pedido de passar à frente se fazem presentes mesmo assim. É comum nos supermercados, nas copiadoras etc as pessoas que tem muito a pagar ou a copiar, via de regra, serem abordadas por alguém que tem pouco, pedindo para deixá-lo passar à frente. Uma negativa nesse caso é bem pouco provável, pois ninguém quer correr o perigo de soar antipático ou “sem boa vontade“. Estabelecer com clareza um limite, argumentando que quem chega primeiro deve ser atendido antes, não é comum. (BARBOSA, Lívia)
Personagens típicos do jeitinho
Embora o jeitinho seja usado por toda a sociedade brasileira o personagem do malandro é um usuário típico dessa instituição paralegal. O malandro é a personificação do espírito que permeia o jeitinho. Por esse motivo que o sinônimo mais comuns de jeitinho é malandragem.
Além do malandro, o universo social brasileiro possui um outro personagem que também representa a encarnação do jeitinho: o carioca, principalmente quando visto em oposição ao paulista. Enquanto o carioca é bem-humorado, boa vida, piadista, preguiçoso o paulista ostenta valores opostos. Trabalhador, bem sucedido economicamente, seguidor das leis e normas, mora numa cidade sem sol e sem mar, fria e cinza, onde tudo funciona e, ainda por cima, “carrega o Brasil nas costas”.
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