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Política cambial e desigualdade de renda
(Celso Furtado)

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O processo de depreciação cambial praticado na economia cafeeria, nos perídos de declínio da renda produzida pelo setor externo, ampliava a desigualdade de renda. 
     A desvalorização do câmbio (redução do valor externo da moeda) significava um prêmio a todos os que vendiam divisas estrangeiras, isto é, aos exportadores. Para ilustrar esse mecanismo, vejamos um exemplo.
     Mercadoria brasileira x taxa de câmbio (CZ$/U$S)= Receita dos exportadores




Produto em moeda nacional
Para exportação (1 saca de café)


Taxa de câmbio (CZ$/U$S)


Receita




25,00


8,00


200,00




15,00


8,00


120,00*




15,00


12,00


180,00**




*Receita sem desvalorização cambial
**Receita com desvalorização cambial
     Suponha que antes da crise o exportador de café vendesse a saca por 25 dólares. Se o câmbio fosse 8 cruzeiros por dólar, os exportadores receberiam 200 cruzeiros. No período de crise, caso houvesse uma redução de 40 por cento no preço da saca de café, a qual passaria a custar 15 dólares. Se houvesse estabilidade cambial, os 10 dólares perdidos seriam imediatamente repassados para os empresários. Mas, um aumento na taxa de câmbio, digamos de 8 para 12 dólares, fazia com que a saca de café custasse não 120 cruzeiros, mas 180. Assim, o empresário perderia só 10 por cento.
      No processo de correção do desequilíbrio ocorria a transferência de renda dos importadores para os exportadores. Como as importações eram pagas pela coletividade em seu conjunto, os empresários exportadores estavam na realidade tentando socializar as perdas que os mecanismos econômicos tendiam a concentrar em seus lucros.
     Quando a moeda se desvalorizava encarecia os produtos importados, ou seja, promovia a inflação. E todos que dependiam destes para viver, no caso o setor de subsistência, os assalariados rurais e os assalariados urbanos, eram prejudicados.
    Mercadoria importada x taxa de câmbio (US$/CZ$) = compra interna (sem inflação)




Preço dos produto importados


Taxa de câmbio


 Gastos com importação




1000,00


8,00


8000,00




1000,00


12,00


12000,00




     Parte da renda era transferida do setor de subsistência (que importava) para o setor exportador, pois os preços que o setor de subsistência pagava pelos produtos importados cresciam mais do que os preços pagos pelo setor exportador pelos produtos de subsistência (a inflação interna era menor que a inflação externa):
         Os trabalhadores rurais, se bem que produzissem boa parte de seus próprios alimentos, recebia em moeda nacional a principal parte de seu salário e consumiam uma série de artigos de uso corrente que eram importados ou semimanufaturados no país com matéria-prima importada.
·      Os núcleos mais prejudicados com a política eram, entretanto, as populações urbanas. Vivendo de ordenados e salários e consumindo grandes quantidades de artigos importados, inclusive alimentos, o salário real dessas populações era bastante afetado pelas modificações da taxa cambial.
     Portanto, a política cambial praticada no período de crises na empresa cafeeira promovia uma transferência de renda tanto dos assalariados rurais quanto dos trabalhadores urbanos para setor exportador:



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