Resumo de Pequeno Tratado de Literatura Infantil e Infanto-Juvenil

Ao falar à mente imaginativa da criança um livro infantil deve cumprir três princípios básicos Universais: Formar, Informar e Recrear. Um Livro Infantil não é aquele que é escrito especialmente para ela, mas aquele que a criança gosta de ler, pois vai despertar a curiosidade que servirá de ponto de partida para novas buscas.
No passado, a mitologia, a literatura épica, histórica, bíblica, etc, preenchiam o imaginário de autores e leitores; assim, a saga e os mitos, a literatura clássica, os povos, a história da civilização, etc., foram objeto da Literatura Infantil e Juvenil.
Este gênero literário tem por tarefa fazer com que a criança assimile gradativamente os modos de ver, julgar, agir, afim de organizar seu mundo objetivo e subjetivo, respeitando suas fases de crescimento. Segundo Piaget temos as seguintes fases de crescimento: 1- fase de experiências sensoriais e motoras que vai de zero a dois anos de idade; 2- início do domínio da linguagem - entre os dois e sete anos; 3- fase das operações concretas , entre sete e onze anos; e 4- fase que vai dos doze aos quinze anos, que corresponde às operações formais.
Entre os autores "clássicos" da Literatura destinada a crianças e jovens, como Charles Perrault, Swift, Deföe, Hans C. Handersen, Fénelon, Júlio Verne (o reporter científico) entre outros, seus textos eram baseados em lugares fixos, concretos, por onde eles se movimentavam, como nos salões, na vida social da sua época, entre o povo do campo, etc, onde colhiam farto material com o qual trabalhavam temas realistas, em forma de sátiras, histórias moralistas cujo objetivo era mais do que divertir... e por isso, nem sempre agradando aos poderosos da época.
No Brasil, tivemos Monteiro Lobato que marcou época com sua obra infantil, que teve início com o livro "Lúcia ou a Menina do Narizinho Arrebitado" baseado na - "História do Peixinho que morreu afogado", contada por um amigo, à qual ele acrescentou cenas infantis. O tema foi sendo ampliado constituindo-se em uma obra cujos personagens se tornaram amplamente conhecidos. Autores nacionais, como Sílvio Romero, colecionaram contos populares no Brasil, tanto de origem indígena como africana. Usando uma linguagem simples típica do sertão, ele dá um brilho especial aos seus contos em que a moralidade e a crítica surgem de maneira clara.
Os contos de fadas, as fábulas, o folclore, as lendas e os mitos são farto material não só da literatura infantil européia, mas também brasileira. O sincretismo cultural dos povos fez adaptações entre os temas das diferentes culturas dando uma nova roupagem aos temas europeus, ao agregar temas da cultura africana e indígena. Ex. lobisomem, mula-sem-cabeça, saci-pererê, histórias e narrativas religiosas, lendas, mitos... As narrativas e novelas de aventuras traduzem um desejo do espírito humano, a aspiração psicológica do bem, da justiça e da beleza. A poesia, o canto (Ciranda, cirandinha.../ Atirei o pau no gato.../ Fui na fonte do Tororó...), os jogos, etc, agradam mesmo que aparentemente eles não digam nada, uma vez que eles satisfazem uma necessidade psicobiológica da criança.
Quanto ao teatro é um poderoso agente educativo e agrada a todas as crianças. Ele deve incluir o drama, a farsa, ópera, balé, comédia musical, sem descuidar o trabalho dos atores, do cenário, transformando o espetáculo em uma "festa".
Toda brincadeira é um ensaio para a vida. Através da fantasia os pais e educadores devem orientar as crianças na compreensão das realidades. A Grande Mente Cósmica colocou em nosso íntimo uma semente que deve ser cuidada com carinho. O "vazio humano" da época atual tem origem na negligência a que os indivíduos tem sido relegados ao criar uma cultura de aparências, esquecendo que o que é importante é o conteúdo.

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