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PORTO SENTIDO
O texto de MST na revista UP, com o título PORTO SENTIDO suscita-me algumas dúvidas, porquanto não vislumbro tanta razão de ser naquilo que diz, sobretudo quando aborda essa coisa linda, azul e branca que é o F.C.Porto.Não sendo um natural e tendo aqui como único membro familiar a minha mulher, estou a anos luz de conhecer a cidade e também de entender MST. Talvez seja essa a questão. Todavia, procuro ser justo nas minhas análises e concluo que há pontos de vista não coincidentes. O Porto cidade não me agrediu, a sua história tão pouco por que é de inegável honradez, as suas gentes apoiaram-me e receberam-me com agradável simpatia e das pessoas com as quais mantenho contacto parecem-me gente de bem e que transporta consigo uma boa bagagem cultural, como por exemplo, o homem que me corta o cabelo, que, enquanto o faz, fala de literatura, pintura, cinema, teatro, de homens da ciência e muitas outras coisas mais. Aliás, no campo da investigação, a cidade do Porto dispõe de muitos bons quadros nesse desempenho, além de possuir bons estabelecimentos de ensino. Quero dizer, o Porto é a cidade onde eu vivo e onde me sinto bem. Claro que não tenho cá as minhas raízes, que são todo o meu agregado familiar, os amigos de infância e da escola e tudo aquilo que nos prende a uma cidade ou local. Digamos até, que, estar neste momento no Porto, por força das circunstâncias, me é mais agradável do que estar em qualquer outro lugar. Tudo o que no texto se refere a chuva, nevoeiro, neblina e outros aspectos é irrelevante, porque isso existirá em maior ou menor quantidade noutros locais. O meu problema com a cidade situa-se no campo da sua dignidade, que, diz. MST ser o que mais gosta nela. “O que eu mais gosto é da dignidade da cidade, diz” e argumenta dizendo “quem aqui mora, ama o Porto. Vive-o, sente-o como pessoa de família, é-lhe fiel para além de tudo o mais” Ora, eu não estou de acordo com esta definição de dignidade de MST, porquanto o que é dito, aproxima-se mais da atitude de se gostar da terra e isso é legítimo e é verdade, mas cai no âmbito do bairrismo e isso é diferente de dignidade.. Dignidade é de aplicação mais alargada e para se afirmar terá de ultrapassar fronteiras. E é necessário termos capacidades de nos auto analisarmos. E às vezes a cidade tem comportamentos que não revelam isso.Gosto do Porto... mas de outra maneira.
SOUSAFARIAS
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