Sida uma abordagem social e nutricional
(Drª Jacqueline Dias Fernandes)
A SIDA estende-se muito para além de um problema de saúde, sendo um problema de ordem social e também cultural, por que o seu impacto prolonga-se para muitas áreas diferentes da vida do indivíduo seropositivo, desde o trabalho, as finanças, alojamento, apoio familiar e social e passa também pela capacidade dos indivíduos de se alimentarem e cuidarem de si próprios.
Nos idosos o que parecia impossível já não é, actualmente há um número crescente de idosos que vivem com infecção pelo VIH/SIDA. Em Portugal, entre 1 de Janeiro de 2006 e 30 de Junho de 2006 foram recebidas no Centro de Vigilância Epidemiológica das Doenças Transmissíveis, notificações de 1173 casos de infecção pelo VIH. Encontram-se notificados 29461 casos de infecção VIH/SIDA nos diferentes estadios de infecção. No período compreendido entre 1 Janeiro de 1983 e 30 de Junho de 2006, os indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos representam 5,0% (660 doentes, 537 do sexo masculino) do total de doentes. O diagnóstico de infecção pelo VIH/SIDA em idosos é feito geralmente quando referem sintomatologia ou quando são hospitalizados, encontrando-se normalmente já num estadio avançado da doença.
O papel na nutrição é essencial:
Segundo o Director-geral da OMS, “Sabemos que uma alimentação saudável ajuda a manter o sistema imunitário, aumenta a massa corporal e os níveis de energia. Dr. Lee realçou ainda que 95 % dos doentes infectados pelo VIH habitam em países carenciados e que a maioria dos 30 milhões de africanos infectados “nem sequer tem acesso aos nutrientes básicos de que qualquer ser humano necessita para ter uma vida saudável”.
A OMS enfatizou o facto duma boa alimentação não ser, apesar de tudo, o bastante para prevenir a infecção ou curar a SIDA mas pode atrasar a progressão da doença. Segundo a OMS, estudos anteriores têm indicado uma “maior necessidade energética (calorias) em pessoas com HIV quando comparadas com crianças e adultos não infectados”.
Mas afinal quais as consequências da SIDA para o estado nutricional ?
A desnutrição é uma das complicações major da infecção pelo VIH/SIDA. A perda de peso é uma das manifestações clínicas mais precoces da doença, constituindo uma das principais causas de morbilidade, independentemente da deficiência imunitária, contribuindo também para uma diminuição da qualidade e da esperança de vida. A patogénese da desnutrição é multifactorial e encontra-se relacionada com complicações específicas que levam a alterações na ingestão alimentar, na absorção de nutrientes, e/ou no gasto energético, promovendo um balanço energético negativo. Os indivíduos seropositvos têm entre 10 a 30 % mais necessidades energéticas que os indivíduos sãos. As deficiências em macronutrientes como a vitamina C, E e do complexo B, beta-caroteno e selénio são importantes para preservar o sistema imunológico.
O Wasting é um síndrome característico da infecção pelo VIH/SIDA, precocemente identificado e originalmente denominado por slim disease. Em indivíduos infectados pelo VIH/SIDA, e segundo o Center of Diseases Control and Prevention, o wasting define-se como a perda involuntária de peso superior ou igual a 10% do peso habitual, num período de 6 meses, concomitante com diarreia crónica, fraqueza crónica ou febre sem causa definida.
A ingestão inadequada associada ao aumento do gasto energético, às desordens relativas a má-absorção, às alterações metabólicas, ao hipogonadismo e à produção excessiva de citocinas são factores que contribuem para o wasting.
Algumas deficiências nutricionais podem ser revertidas com terapia nutricional apropriada. A ingestão adequada de macro e micronutrientes é indispensável para a manutenção e restauração da disfunção imunitária. Diversos sintomas, frequentemente associados ao envelhecimento (se for caso disso) e à infecção pelo VIH/SIDA, podem ter um impacto negativo e significativo na ingestão alimentar e, consequentemente, no estado nutricional e na aderência à Terapia farmacológica, como por exemplo: náuseas, vómitos, diarreia, anorexia, dor, dificuldades de mastigação/deglutição, alterações de paladar, etc.
Por exemplo o leite e os seus constituintes naturais, tais como as proteínas e os seus peptídeos apresentam alguma actividade anti-viral que foi descrita para vários componentes do soro do leite, incluindo lactoferrina, lactoperoxidase, imunoglobulinas e em proteínas menores do soro do leite. A lactoferrina tem uma significante actividade anti-viral contra o vírus HIV, herpes vírus, o vírus da hepatite C, entre outros. A lactoferrina mostrou uma considerável acção inibitória contra o HIV, enquanto o efeito da lactoferricina sobre esse vírus se mostrou modesto. Recentes testes clínicos têm demonstrado que a ingestão de fórmulas de proteínas do soro do leite ricas em cisteina beneficia pacientes com SIDA. Tanto em estudos de curto prazo (duas semanas), como nos de longo prazo (seis semanas), a suplementação com fórmulas de proteínas do soro do leite aumentaram os níveis de glutationa plasmática nos pacientes infectados pelo HIV. Outro e
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