Vale Tudo: o Som e a Fúria de Tim Maia
(Nelson Motta)
Maconheiro, cheirador de cocaína, bêbado, caloteiro e cafajeste. Alguém com uma ficha assim poderia ser encontrado em qualquer cadeia do Brasil. Mas seria difícil encontrar em alguma penitenciária um personagem com tantos defeitos e, ao mesmo tempo, com um talento impressionante para a música. Pois este foi Tim Maia do Brasil, o negrinho pobre e gordinho, filho de dona Maria Imaculada, nascido na Tijuca, Rio de Janeiro, em 28 de setembro de 1942, com o nome de Sebastião Rodrigues Maia.
Com sua voz de trovão, sua personalidade forte, suas letras descornadas ou debochadas Tim foi um exemplo, tanto para o bem quanto para o mal, de como é a vida de um artista. Fez shows memoráveis, mas deixou de comparecer a incontáveis apresentações. Ganhou muito dinheiro, mas torrou tudo com drogas e mulheres. Teve fama, mas sempre viveu às turras com a imprensa e os fãs. Intitulava-se Tim Maia do Brasil, mas adorava os Estados Unidos. Não hesitava em aplicar golpes em empresários, gravadoras, músicos e em todos com quem se relacionava comercialmente. Mas era capaz de gastar até o último centavo do bolso para comprar presentes para crianças pobres. Era um cafajeste com as mulheres, mas amou intensamente algumas delas. Assim foi Tim Maia, o personagem divertido retratado por Nelson Motta, seu amigo e biógrafo, no livro "Vale Tudo: o Som e a Fúria de Tim Maia".
Sobre o livro, é de se ressaltar não só a biografia de Tim Maia mas o retrato sucinto e preciso de Motta sobre a política e a música brasileira durante a vida de Tim. É uma aula sobre o surgimento da Bossa Nova, sobre o rock brasileiro e sobre a MPB em geral. Motta consegue entrelaçar as diversas fases da vida de Tim com os movimentos musicais surgidos no Exterior e importados pelo Brasil. E tudo isso com um texto leve, que corre solto e que prende o leitor do início ao fim.
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