Publicações pré-Psicanalíticas e esboços inéditos.
(Sigmund Freud)
A obra visa prover aos estudiosos uma psicologia inserida na ciência natural: isto é, apresentar os processos psíquicos de forma quantitativamente determinados como partículas materiais especificáveis, tornando assim esses processos claros e livres de contradição. Apresenta um caso de Hemianestesia em um homem histérico, duas resenhas básicas e um capítulo inteiro sobre Histeria até artigos de Hipnotismo e sugestão. Para SIGMUND FREUD, Vol. I, 1886. Duas são as idéias principais envolvidas:
1. A que distingue a atividade do repouso deve ser considerada como Q, sujeita às leis gerais do movimento.
2. Os neurônios devem se encarados como as partículas materiais. N e Q - Hoje em dia as experiências desse tipo são freqüentes.
A concepção quantitativa deriva diretamente das observações clínicas patológicas, apreendidas pelo autor durante sua existência:
“...especialmente no que diz respeito a idéias excessivamente intensas - na histeria e nas obsessões, nas quais, como veremos, a característica quantitativa emerge com mais clareza do que seria normal. Processos, como estímulos, substituição, conversão e descarga que tiveram de ser ali descritos [em conexão com esses distúrbios], sugeriram diretamente a concepção da excitação neuronal como uma quantidade em estado de fluxo. Parecia lícito tentar generalizar o que ali se comprovou. Partindo dessa consideração, pôde-se estabelecer um princípio básico da atividade neuronal em relação a Q, que prometia ser extremamente elucidativo, visto que parecia abranger toda a função. Esse é o princípio de inércia neuronal: os neurônios tendem a se livrar de Q. A estrutura e o desenvolvimento, bem como as funções [dos neurônios], devem ser compreendidos com base nisso”.
Tal princípio denominado de inércia explica quanto à estrutura a divisão em neurônios motores e neurônios sensoriais, que neutralizam a recepção de Q, através de sua descarga. Sigmund Freud, Vol. I, 1886:
“O movimento reflexo torna-se compreensível agora como uma forma estabelecida de efetuar essa descarga: a origem da ação fornece o motivo para o movimento reflexo. Se retrocedermos ainda mais, poderemos, em primeira instância, vincular o sistema nervoso, como herdeiro da irritabilidade geral do protoplasma, com a superfície externa irritável [de um organismo], que é interrompida por extensões consideráveis de superfície não-irritável. Um sistema nervoso primário se vale dessa Q, assim adquirida, para descarregá-la nos mecanismos musculares através das vias correspondentes, e desse modo se mantém livre do estímulo. Essa descarga representa a função primária do sistema nervoso. Aqui existe espaço para o desenvolvimento de uma função secundária. Pois, entre as vias de descarga, são preferidas e conservadas aquelas que envolvem a cessação do estímulo: fuga do estímulo. Em geral, aqui se verifica uma proporção entre a Q de excitação e o esforço requerido para a fuga do estímulo, de modo que o princípio da inércia não seja abalado por isso”.
Diante das conferências sobre as histerias humanas o autor apresenta o aumento da complexidade interior do organismo com o sistema nervoso recebendo estímulos do próprio elemento somático - os estímulos endógenos - que também têm que ser descarregados. Para Sigmund Freud, Vol I, 1886:
“Esses estímulos se originam nas células do corpo e criam as grandes necessidades: como, respiração, sexualidade. Deles, ao contrário do que faz com os estímulos externos, o organismo não pode esquivar-se; não pode empregar a Q deles para a fuga do estímulo. Eles cessam apenas mediante certas condições, que devem ser realizadas no mundo externo. (Cf., por exemplo, a necessidade de nutrição.) Para efetuar essa ação (que merece ser qualificada de “específica”), requer-se um esforço que seja independente da Q endógena e, em geral, maior, já que o indivíduo se acha sujeito a condições que podem ser descritas como as exigências da vida. Em conseqüência, o sistema nervoso é obrigado a abandonar sua tendência original à inércia (isto é, a reduzir o nível [da Q a zero). Precisa tolerar [a manutenção de] um acúmulo de Q suficiente para satisfazer as exigências de uma ação específica. Mesmo assim, a maneira como realiza isso demonstra que a mesma tendência persiste, modificada pelo empenho de ao menos manter a Q no mais baixo nível possível e de se resguardar contra qualquer aumento da mesma - ou seja, mantê-la constante. Todas as funções do sistema nervoso podem ser compreendidas sob o aspecto das funções primária ou secundária impostas pelas exigências da vida”.
Esse volume apresenta o processo do médico se descobrindo psiquismo humano, como vemos abaixo:
Após superar minha perplexidade inicial diante das descobertas da novas pesquisas de Charcot, e depois que aprendi a avaliar sua grande importância, pedi ao Professor Charcot permissão para fazer uma tradução para o alemão das conferências que continham essas novas teorias. E aqui devo agradecer-lhe não apenas pela presteza com que me concedeu sua permissão, como também por sua ajuda ulterior, que tornou possível que a edição alemã, na realidade, seja publicada vários meses antes da edição francesa. Seguindo instruções do autor, acrescentei algumas notas, na maioria acréscimos às histórias dos pacientes de que trata o texto.
O cerne deste livro está nas magistrais e fundamentais conferências sobre histeria, que, junto com seu autor, podemos esperar venham a descerrar uma nova era na conceituação dessa neurose pouco conhecida e, a rigor, denegrida. Por esse motivo, com o consentimento do Professor Charcot, modifiquei o título do livro, que em francês é ‘’Leçons sur les maladies du système nerveux, Tome troisième”, e coloquei em destaque a histeria dentre os temas nele abordados.
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