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Marcas do Passado
(Edmilson Pereira dos Santos)

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Edmilson Pereira dos Santos
desenvolve em Marcas do Passado , sua estréia na prosa contemporânea com retorno a fatos do passado, rica imaginação, desenvolve sua trama com um enredo claro e de fácil entendimento. Marcas do Passado é contituído de dez contos, dividos em histórias cujas personagens se completam, se relacionam respeitando as individualidades e experiência das personagens. A leitura é agradável por apresentar uma linguagem coloquial inserida no cotidiano das personagens bem atuais. Para o autor:
“Todo conto mostra uma mensagem, um conselho, um avi¬so, e para o leitor estes fatos são marcantes em suas vidas.”
O livro é constituído dos seguintes contos: Agonia, A Pescaria, O Futebol, A Casa Mal Assombrada, O Detetives, O Profeta, Sufoco, Margarida, A Enchente e Despedida.
O conto AGONIA apresenta o ser humano diante dos obstáculos da vida, enquanto os demais continua com trama pessoal do autor. Narrado em primeira pessoa, participa ativamente da história. O narrador memorialista reencontra um amigo o João, que por sua vez em ações contínuas vão reencontrando outros amigos na história. Marca para assistirem a um jogo, o narrador enfrenta agonia da compra do ingresso, depois a confusão para entrar no Estádio e por fim uma criança desmaiada em meio à multidão. Ajudam o senhor e a criança conduzindo-os ao hospital. Outra agonia vem a tona, era a do atendimento médico, após o raio X e a peninha da criança engessada a surpresa, eles procuram o homem que acompanhou o tempo todo a criança e descobriram através de um papel que havia tirado do bolso trazendo escrito a seguinte frase:
“SOU SURDO-MUDO E TRABALHO COMO ZELADOR DO ESTÁDIO”
AGONIA

Um certo dia quando passava na Rua Tapajós, encontrei um grande colega que a muito tempo não via. Batemos um papo in¬formal e fomos ao Bar mais próximo tomar uma cerveja e relembrar os bons tempos de nossa mocidade.
Fazia exatamente vinte anos que não nos víamos e não tí¬nhamos notícias um do outro.
Ele era mais novo do que eu uns dois anos, mas sua apa¬rência não mostrava isto, ele parecia ser uns cinco anos mais velho do que eu, mas era uma pessoa muito culta e inteligente.
Quando entramos no bar e nos sentamos, tivemos uma gra¬ta surpresa. O dono do estabelecimento era um grande conhecido nosso de infância, quer dizer era da nossa turma.
— Quanto tempo rapazes que não nos vemos, como é que vocês estão?
— Tudo jóia, você é que está bem, comprou até um bar!
— Que nada, isto é herança de meu pai, e fico por aqui pouco tempo, meu tio é quem toma conta e aliás lá vem ele.
— Tio Zé, quero apresentar-lhe dois grandes amigos que a muito tempo não via. Trata bem deles, que é para ficarem fregue¬ses.
— Tudo bem, deixa comigo.
— Traz uma cerveja por enquanto.
— Ok, e se precisarem de mais alguma coisa é só chamar.
— Falo, seu Zé.
A primeira lembrança nossa, foi quando estávamos numa roda de amigos e João teve a idèia de irmos assistir uma partida de futebol no estádio de nossa cidade entre as equipes do Piedade e do Aliança, ambas da localidade.
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Ao chegarmos lá, veio a primeira surpresa, uma fila que não tinha mais tamanho, se pode-se chamar aquilo de fila, o que víamos realmente era uma grande confusão.
Entramos num consenso, e chegamos a conclusão que um de nós teria que ir a compra dos ingressos, e por azar lá fui eu.
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Com os ingressos na mão fomos em direção ao portão. De¬paramos com outro tumulto. O pessoal que não tinha comprado in¬gressos, por causa daquela confusão nas bilheterias, queriam entrar de qualquer maneira, por acharem uma desorganização dos dirigen¬tes do jogo.
Nem pedindo por favor, conseguíamos alguma coisa.
— Da licença que estamos com o ingresso e queremos as¬sistir ao jogo.
Tudo era em vão, a coisa realmente estava feia e o negó¬cio era entrar na marra, e foi isso que fizemos.
Demos as mãos uns aos outros, e fomos em direção ao portão.
Carregávamos tudo que estava na frente, porém sentíamos uma força contrária, era quem estava do lado de dentro fazendo for¬ça para que não entrássemos.
E foi nesta hora que comecei a imaginar a besteira que es¬távamos fazendo.

— Parem de empurrar. — gritei.
Todos me atenderam, e para surpresa, vimos um homem no meio àquele silêncio, que até pouco mais parecia uma guerra, levantar bem alto para que todos vissem uma criança aparentemen¬te desmaiada.
O nosso espanto foi tão grande, que paramos no tempo e só acordamos quando alguém gritou.

-— Socoooooooro.
Imediatamente saímos em seu auxilio.
Enquanto alguns abriam um corredor entre a multidão, ou¬tros procuravam chamar um táxi.
Em poucos minutos eu e João estávamos com aquela criança e aquele senhor, indo em direçâo ao hospital.
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Ele colocou a mão no bolso de sua camisa e retirou um pa¬pel que dizia o seguinte:
"SOU SURDO-MUDO, E TRABALHO COMO ZELADOR NO ESTÁDIO".
Depois disso, começamos a imaginar que pessoa humana era aquele senhor, capaz talvez de trocar sua própria vida pela vida da criança.

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Para este senhor, seu mundo é bem diferente, a humildade é o seu pão de cada dia, a fraternidade é o motivo de seu viver, pa¬ru quem não vê os exageros da vida e nem escuta o barulho de uma bomba, seu mundo tem que ser bem diferente mesmo.



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