O Império Contra - Ataca
(Tânia Bacelar)
A ascensão de governantes de orientação socialista ou, formalmente ainda classificados "de esquerda",na América Latina,seria a justificação formal do departamento de Estado do governo dos Estados Unidos da América do Norte,para reativar a IV frota naval, cujo centro de interesse e atuação é a América Latina.
Mas existem questões subliminares por trás desta decisão. Em primeiro plano há uma compensação pela perda de bases militares como as de Albrook e Howard, no Panamá,devolvidas àquele país em 1997 e a base de Manta, no Equador,a ser devolvida em 2009 por decisão da Assembléia Constituinte equatoriana, que também estipulou a não renovação de acordos que permitam a manutenção de bases militares Norte Americanas no país.
A existência de bases militares norte-americanas na região não é um fenôme recente. Desde o início do século XX os EUA mantém bases militares na América Latina,cuja intensidade variou conforme as circunstâncias. Se dependesse do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso,o território brasileiro continuaria a sediar bases americanas, desta vez envolvendo a base espacial de Alcântara, no Maranhão. Em 2000 foi assinado o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas, atribuindo aos Estados Unidos o direito de usar a citada base espacial, estratégicamente situada na entrada daAmazônia. A posição geográfica da base- a dois graus da linha do Equador- é perfeita para o lançamento de foguetes. O preço do "aluguel"seria de U$34 milhões anuais. O Congresso Nacional vetou o referido acordo em 2003.
As preocupações militares norte-americanas em relação à América Latina estão diretamente relacionadas a aspectos geopolíticos e estratégicos:Petróleo,recuros vegetais, águas e minério.As reservas dos EUA são insuficientes para suprir a demanda, uma vez que o país consome 25% do petróleo produzido no mundo. No que diz respeito às águas,existe aqui (América do Sul em especial)uma quantidade talvez única no planeta.Ao norte da América do Sul,a Amazônia:ao sul, grandes rios como o Paraná, O Iguaçú,o Paraguai e o Uruguai, que se somam à maior reserva subterrânea de água potável do mundo,o Aqüífero Guarani,que se estende pelo Brasil,Argentina,Paraguai e Uruguai.
Preocupados om essa escalada bélica norte americana na região, governantes latino- americanos buscam alternativas de autoproteção e nesse sentido o ministro de defesa brasileiro fez um périplo pelos principais países da América do Sul defendendo a criação de um Conselho de Defesa, proposta que ainda precisa ser melhor ordenada mas, já houve avanços com a criação da Unasul ( União das Nações Sul-Americanas). Mas a criação do Conselho de Defesa não conseguiu a aprovação de todos.O único país a se opor foi a Colômbia.Venezuela e Equador concordam com a criação,mas querem atribuir ao organismo um caráter operacional mais amplo,englobando competências como o combate ao narcotráfico e dispondo inclusive de orçamento próprio.Essas diferenças impediram que o Conselho se concretizasse na reunião dos 12 chefes de Estado que se reuniram em Brasília em 23 de maio passado.
A oposição à criação do Conselho,manifestada pela Colômbia demonstra o quanto este país esta alinhado com a política externa norte-americana para a região e cumpre o papel de sustentáculo da política dos EUA para o continente.Mas o isolacionismo ainda maior da Colômbia perante as demais nações sul-americanas pode forçar o presidente colombiano a rever sua posição.
Desta forma, a descoberta de reservas petrolíferas no Brasil e a eleição de um presidente de esquerda no Paraguai são fatores que determinaram a reativação da IV frota naval norte-americana, embora os argumentos sejam: combate ao terrorismo e ao narcotráfico.E a perspectiva de eleição de um democrata para presidir os EUA após 8 anos de governo republicano não significa uma mudança em relação às questões aqui expostas,como pode ser lido em recente declaração do pré-candidato democrata Barak Obama,que disse:"Vamos apoiar integralmente a luta da Colômbia contra as Farc.Trabalharemos com o governo para eliminar o reino do terror dos paramilitares.Apoiaremos o direito da Colômbia de atacar terroristas que buscam abrigo seguro cruzando as fronteiras".
A preocupação das nações sul-americanas com os recentes movimentos políticos e militares norte-americanas fica evidente quando analisados os interesses em jogo,as riquezas da região e o fato de os EUA considerarem a região como espécie de extensao de seu domínio.
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