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A Laranja Mecânica,(1971) de Stanley Kubrick
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         Ainda que exista uma grande hipocrisia a respeito da violência, todas as pessoas estão fascinadas por ela. Afinal, o homem é o assassino mais cruel que já pisou no planeta.         “Laranja Mecânica” está centrado nas aventuras de um jovem cujas principais inclinações são a violência, a violação das leis e Beethoven. Sendo um regresso ao famigerado triângulo sexo/violência/morte.
       No decorrer da trama, nota-se que o ator que representa “Alex” mostra um perfil bifacetado, onde um lado é o “bom” e do outro  “mal”, ou seja, o  binômio (delinquente versus cidadão-de-bem). Seria isso uma crise de identidade?
      O filme é um psicodrama onde um jovem com um grande grau de liderança nato, junto com outros jovens perturbam a ordem social cometendo vários delitos: invasão a domicílio, estupros, agressões, roubos etc.
         Após as noites de atrocidades, retornava ao seu lar, onde vivia com seus pais que não tinham autoridade sobre ele; o mesmo gozava de certo conforto, ouvindo boas músicas, o que ilustrava sua boa formação cultural; contrapondo-se ao seu lado doentio, frio e calculista.
         Esse jovem que no filme é um criminoso em potencial, nunca é pego pela polícia e quando ocorre ele é colocado em um programa com medidas sócio-educativa que visa sua recuperação.
Comparação com o modelo Penal Brasileiro
    O sistema penal do país no filme possui um contraste nítido em relação ao sistema penal brasileiro.
    Primeiro,  a distinção entre penitenciária e presídios consiste no fato de que, segundo a legislação penal, a penitenciária é o lugar do cumprimento da pena dos presos que já foram sentenciados. Enquanto os presídios são estabelecimentos destinados ao cumprimento da pena dos presos provisórios, ou seja, à espera de julgamento e da sentença definitiva, o que não acontece na realidade cotidiana prisional. 
    Segundo, há uma superlotação nas carceragens dos presídios, onde celas que caberiam em média trinta presos acomodam mais de cem presos, entre primários e reincidentes, presos provisórios e presos condenados, homicidas e batedores de carteira. Já no filme... o preso sofre despersonificação, ou seja, perde as características pessoais e vira um número, como todos os outros, elementos constituintes da mesma massa penal.
    Terceiro, no presídio do filme, há todo um processo de restituição por ressociabilização do preso com trabalhos, com religião e  cultura, no Brasil não se vê isso, o que se vê são facções criminosas degladiando-se e  convivendo no mesmo cárcere, esse sistema não visa à recuperação desses elementos.  
Analogia:
 “Os agentes do Direito Positivo”
Nota-se uma correlação com o filme no trecho que diz: “No poder judiciário, pode-se observar o digladiar-se de dois extremos: O criminoso-merecedor-de-punição  versusO criminoso-fruto-da-sociedade-culpada”.
  “Durkhein e a juridicidade”
Nota-se que no filme, o país de “Alex” encaixa-se no perfil de um “Estado Administrador” com uma solidariedade orgânica, onde o sistema penal é restitutivo, os presos são recuperados através de medidas sócio-educativas.
  “O legislador e o jurista”
Nota-se outra correlação com o filme, onde “Alex” ao sair da prisão indaga aos seus pais, onde estavam seus pertences e o pai responde que o Estado confiscou para reparar os danos causados, por ele, às vítimas da violência, seria   a evidência dos meios reparadores do “Positivismo Jurídico”.
  “Crime e Revolução”
Nota-se também uma relação com o filme, na hora  em que o delegado alerta  “Alex” sobre ser  preso pelos delitos. Seria a evidência do instituto da  “antijuridicidade substancial subjetiva”, ou seja “Alex” tinha consciência da juridicidade. 
Conclusão
A refinada crítica política e social feita ao sistema e ao “status quo” por ele imposto, foi mal  entendida pela generalidade do público, talvez pela própria conclusão do filme, na qual o protagonista acaba por se transformar num protegido do governo e, conseqüentemente, do sistema.
      Quanto à premissa que apontamos, a existência de um sistema capaz de alterar o comportamento e instintos humanos é, depois da leitura do argumento, posta de parte visto que o filme nos mostra que a artificialidade do “Tratamento Ludovico” não se consegue sobrepor à força dos instintos humanos. Tudo isto porque a sociedade, uma vez condenadora, outra conivente, acaba por permitir que comportamentos aberrantes como os de Alex existam. O “Tratamento Ludovico”, versão tecnológica científica do exorcismo clássico, acaba por ser tão ineficaz e tão ilusório como as palavras ocas do seu predecessor. A metamorfose da personalidade deve ser acompanhada de uma metamorfose profunda da sociedade.
    Alex passa de violentador a vítima, sendo alvo de uma vingança “maquinada” por parte da sociedade ferida (o espancamento por parte dos vagabundos e dos seus companheiros).O filme toma então contornos de uma fábula de crime e castigo pouco convencional, mas o clímax do filme, que corresponde ao momento em que se tenta suicidar, cria um aparente (e falso) final. A partir daí, tudo o que nos foi mostrado antes acaba por ser profundamente alterado: a personalidade violenta de Alex volta a manifestar-se e, numa irônica conjugação de fatores, o personagem reconcilia-se com a sua família e com a sociedade hipócrita, personificada na pessoa do Ministro do Interior.
    Em suma, o filme fecha-se em círculo, visto que a personalidade e o temperamento de Alex se mantêm inalterados, contando este agora com a conivência do Governo e da sociedade que o tentou mudar. Afinal o crime compensa...
 Lenildo Almeida



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