Menino DE ENGENHO
(José Lins do Rego)
Menino de engenho narra à trajetória de Carlinhos, menino perdido que José Lins do Rego inscreve como personagem da literatura brasileira no caminho de passagem da infância à pré-adolescência.
O autor transita com Carlinhos entre lembranças da infância, marcado pela morte da mãe aos quatro anos de idade onde sua mãe fora assassinada por seu pai, por arma de fogo. Dessas lembranças, Carlinho guarda a triste e trágica cena que veio transformar sua vida. Lembranças de um despertar com gritos e barulho pela casa, pessoas estranhas circulando, o corpo da mãe largado no chão, sangrando e sem vida, seu pai caído por sobre o mesmo como um louco, desejo de beijá-la, mas impedido de fazê-lo.
Recorda as ordens dos soldados proibindo a permanência no quarto dos pais, criados comentando e sem entender porque o meu pai havia morto a minha mãe. Lembra-se que vira o pai com o revólver na mão, a mãe ensangüentada, as lembranças de um pai alto, bonito, amigo e que fazia seus gostos permaneciam vivas na memória.
Sentimento de abandono e solidão reforçado na primeira noite da tragédia, dormir sozinho sem a atenção materna foi um dos mais marcantes.
A prisão do pai e a transferência para o engenho do avô levado pelo tio Juca, virou novo capítulo na vida do menino, saber da loucura do pai (palavras do tio Juca) seria de agora em diante o retrato de sua vida.
Até aquela data, Carlinhos nunca havia visitado o engenho do avô, essa seria a primeira vez. A viagem de trem, a paisagem tudo era novidade, a curiosidade estava aguçada.
Chegar ao engenho, encontrar o avô, observar toda a paisagem, agora parecia apenas uma tela pintada na imaginação de criança que a saudosa mãe retratava ao filho nas histórias contadas sobre o engenho. Tudo era confirmado nos arquivos da memória do menino.
A vida no Recife era muito diferente da vida no engenho. Os cuidados maternos foram trocados pelos cuidados da tia Maria que o cobria de mimos tentando suprir as carências deixadas pela mãe.
Carlinhos foi alvo de atenção, falatórios, piedade e também de muitos cuidados. Seu comportamento fino não condizia com os costumes do engenho, por lá as crianças brincavam de pés no chão, tomavam banhos de rios, comiam frutas tiradas do pé, corriam soltas na capoeira.
No engenho, Carlinhos aprendeu sobre o trabalho duro dos moradores, homens, mulheres e crianças! Todos de alguma forma se envolviam em alguma atividade. Também aprendeu sobre fome, miséria. Conheceu a lida na moagem do engenho, sentimentos confusos de encantamento com a maquinaria e enojamento com o processo de fabrico do açúcar onde o barro preto que cobria a boca das formas fazia o aguçar ficar branco e os tanques de mel-de-furo podiam até manter sapos ressequidos por cima sem que isso estragasse o produto! Com a nova morada, novos parentes passam a fazer parte da vida do menino. O avô José Paulino, os afoitos primos filhos da tia Emília, a tia sinhazinha irmã de sua avó, velha ranzinza e temida por todos, a frágil prima Lili que tão logo morreu.
Conhecer o famoso gangaceiro Antonio Silvino quando de uma visita ao engenho do seu avô, foi um acontecimento inusitado. O engenho todo se moldou para receber o ilustre visitante. Um misto de medo e respeito fazia parte daquela gente.
As primeiras letras foram ensinadas ao menino na casa do Dr. Figueiredo, moço vindo da capital, esse também fora o primeiro contato do menino com uma pessoa estranha por todo o dia. Apesar do Dr. Figueiredo ser o professor contratado, os ensinamentos eram dados por sua esposa, (primeira paixão do menino aos oito anos de idade) a bela e carinhosa morena Judite, que costumeiramente apanhava do marido.
Um outro mestre foi o Zé Guedes, esse além das letras e da tabuada! Ensinava também coisas fáceis de aprender. Esse contava histórias de amor, sua e dos outros, ensinava coisas erradas da vida das mulheres ou de mulheres da vida, ensina sem-vergonhices, era o que podia se chamar de homem desarvegonhado.
No engenho faziam-se planos para a ida do menino a um colégio interno. O casamento da tia Maria fazia com que o menino se senti-se órfão pela segunda vez. A saúde do garoto não condizia com as atividades infantis praticadas no engenho. Por lá, as crianças haviam desenvolvido algumas imunidades para os problemas de verminoses, de gripes e resfriados, de puxados etc. e tal. Mas Carlinhos penava com suas crises de torces e puxados que o obrigava a permanecer em um resguardo forçado.
A primeira namorada e o primeiro beijo foram na prima Maria Clara e as vésperas da partida de volta da prima para o Recife.
As saudades da prima, a saúde frágil e a constante solidão! Fazia sobressair no menino desejos carnais, o sexo era estimulado quando ele observava atento o comportamento dos animais acasalando no pasto. Carlinhos encontrou uma comparsa para suas depravações, a negra Luísa, a moleca foi à iniciadora do menino nas artes do amor carnal. Por conta desses ensinamentos, o menino contraiu uma doença venérea. Todos no engenho comentavam o fato.
Com 12 anos de idade, eu era alvo de chacota, menino precoce no sexo e também das doenças que o sexo trazia. Tratavam-no com os costumes locais.
E já era época de ir ao colégio. Levando consigo a bagagem de conhecimento de menino homem vividos no Engenho Santa Rosa.
Resumos Relacionados
- Menino Do Engenho
- Menino De Engenho
- Menino De Engenho
- Menino De Engenho
- Menino De Engenho
|
|