Leibniz e a Monadologia
(Elnora Gondim)
Todo o sistema monadológico leibniziano tem a concepção de mônada como núcleo central.
As mônadas, para Leibniz, são substâncias simples (sem partes, indivisíveis), são forças e não matéria; são elementos metafísicos, são Enteléquias (contém em si certa perfeição), onde a prova dessas suas características ocorre através do existir dos compostos.C omo há compostos (algo divisível), há, também, simples (algo indivisível); estes, por sua vez, formam os compostos. A partir de tal constatação, pode-se afirmar que as mônadas não têm extensão nem figura e nem divisibilidade; elas são os simples que formam os compostos. Leibniz, então, parte da constatação dos entes compostos (multiplicidade) para provar a existência das mônadas (a unidade) juntamente com as suas características, tais como: substância (aquilo que é, permanece) e simples (sem divisão). Assim, as mônadas formam os compostos, isto levando a constatar que há algo de simples nos compostos; no divisível, há uma indivisibilidade.
As mônadas, além de sua simplicidade, elas não se dissolvem; não começam nem terminam.
Assim como as mônadas não começam e não acabam por composição, elas, também, no seu interior, não são modificadas por nenhuma coisa e Leibniz afirma que as mônadas não têm portas nem janelas; contrariamente aos compostos, nenhum movimento interno pode ser alterado por algo exterior; como ela não tem partes; não pode acontecer o movimento tal qual ocorre nos compostos onde estes se deixam afetar pelo exterior.
As mônadas têm qualidades, por este motivo elas diferem entre si, porquanto na natureza não há dois seres iguais. Elas, também, estão sujeitas às mudanças, onde estas ocorrem devido a um princípio interno contido na própria mônada, isto é ocasionado porque como ela não se deixa influenciar por nada externo, o que justifica a sua mudança, só pode ser algo interno. Porém, na mônada há algo que muda e algo que permanece. Este algo que envolve a multiplicidade na unidade, realizando uma mudança natural gradativa, chama-se Percepção (representação). As mônadas, também, têm apetição (vontade); elas são Autômatos incorpóreos, porquanto têm uma suficiência (autárkeia). No entanto, as representações nas mônadas podem não vir acompanhadas de consciência.
Desta forma, há diferença entre as mônadas: aquelas que só têm percepção (representação de todo o universo) e apetição são chamadas de mônadas simples; em contrapartida, as que têm apetição, percepção e memória são as Almas; estas estão presentes nos animais e enquanto aquelas nos outros seres da natureza (como por exemplo, pedras, rios, plantas). Por fim, as mônadas que têm a capacidade de percepção, apetição, raciocínio e apercepção (consciência) são chamadas de Espírito; estas estão presentes nos homens; embora, às vezes, eles, também, não têm consciência das suas representações No entanto, nos seres humanos há a presença de todos os tipos de mônadas como, por exemplo, as mônadas das pedras, porquanto elas são forças e vivem em constante movimento umas com as outras. Porém, em cada tipo de ente há uma Enteléquia dominante, ou seja, nos animais (Alma), nos homens (Espírito [5] ), nos outros seres (mônada bruta).
Aqui cumpre ressaltar que como todas as mônadas representam todo o universo, elas podem formar todos os tipos de corpos, sem afetar o nível de perfeição [6] de cada um, porquanto embora todos os tipos de mônadas formem todos os corpos e almas, para cada tipo de viventes, criaturas e animais há uma Enteléquia dominante; isto é que vai apontar as diferenças entre os seres. Daí, pode-se inferir o princípio dos indiscerníveis, ou seja, na natureza não existem duas coisas iguais. Portanto, o princípio dos indiscerníveis, da continuidade (nada no universo acontece através de rupturas, pois as mônadas são forças e, como tal, estão em constante movimento) e da razão suficiente (tudo na natureza tem uma razão para ser da forma que é e não de outra forma), eles mudam o estado da metafísica, porquanto explica a individualidade de cada substância como, também, a variedade das substâncias e da harmonia no universo.
Há, também, uma unidade primitiva de onde todas as mônadas derivam: Deus.
Além de Deus ser a substância criadora, Ele é o responsável pelo o que Leibniz denomina de harmonia preestabelecida, isto é, aquilo que faz com que as mônadas constituam corpos com certas formas e não de maneira desordenada.
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