Muito londe de casa: memórias de um menino-soldado
(Ismael Beah)
Ismael Beah escreve o livro Muito Longe de casa: memórias de um
menino-soldado, em que ele relata sua trajetória, aflição, medo,
desejos, perdas durante uma guerra civil no seu país, Serra Leoa, que
se iniciou muito antes dele nascer, em que dois partidos brigavam pelo
poder, mas que o alcançou em janeiro de 1993.
O livro está estruturado em vinte e um capítulos, apresentando um foco narrativo como narrador-personagem protagonista, percebemos uma linha evolutiva desde que se iniciou a guerra até ele ir morar em Nova York.
Ismael Beah era um menino quando a guerra o alcançou, tinha apenas 12 anos de idade, era um típico menino-problema, que adorava escutar e dançar rap. As únicas guerras que conhecia eram as que ele tinha lido em livros ou visto em filmes como Rambo: programado para matar, ou então a que tinha escutado na rádio BBC da vizinha Libéria. E, portanto não compreendia o que podia ter tirado a felicidade dos refugiados.
Ismael, seu irmão mais velho Junior, e seus amigos Talloi e Mohamed formavam um grupo de rap e se apresentavam em shows de talentos. Um dia eles saíram de Mogbwemo e foram para Mattru Jong para participar de um show de talentos, mas Mohamed não pode ir, pois estava consertando a cozinha de casa com seu pai. Antes de chegarem a Mattru Jong, passaram por Kabati, aldeia de sua avó. Em Mattru Jong, encontraram seus outros três amigos Gibrilla, Kaloko e Khalilou, e se hospedaram na casa de Khalilou. Numa manhã Khalilou voltou mais cedo da escola, pois os professores receberam a notícia de que os rebeldes tinham atacado Mogbwemo, e que Mattru Jong seria a próxima. Ismael, Junior e Talloi partiram então para o cais aonde chegavam os refugiados de sua aldeia, para ver se conseguiam notícias de sua família, sem sucesso decidiram voltar a Mogbwemo. Ao chegar a Kabati, a aldeia de sua avó, estava tudo abandonado, e quando um carro parou na frente deles com um homem e sua família baleados, perceberam que não conseguiriam chegar a sua aldeia, vivos, e retornaram a Mattru Jong.
Serra Leoa era colônia britânica, e após alcançar sua independência em 1961, Sir Milton Margai governa o país sob a bandeira do Partido Popular de Serra Leoa (Sierra Leone People Party – SLPP), com sua morte em 1964, sobe ao poder seu meio-irmão Sir Albert Margai, até 1967. Siakas Stevens, líder do partido conhecido como Congresso de Todo o Povo (All People’s Congress – APC), vence a eleição, e declarou que o país seria um Estado unipartidário. Em 1991, um grupo de rebeldes chamado de Revolutionary United Front (RUF, Frente Unida Revolucionária, sob a liderança de um ex-cabo militar, Foday Sankoh, ataca aldeias no leste de Serra Leoa, com o objetivo de livrar o país da corrupção do governo do APC.Depois que os rebeldes invadiram Mattru Jong, a única coisa que restava era lutar pela vida, sem saber que recompensa teria, porque não havia mais expectativas de viver feliz sem sua família. No começo lutava somente por comida, mas a cada tentativa de sobrevivência, mesmo se mantendo vivo, Ishmael sentia que um pedaço de si morria também.
Depois de Mattru Jong, ele passou por Kamator até chegar a Yele, onde parecia que estaria seguro devido a base dos militares. Mas depois que os rebeldes cercaram a aldeia e cada vez mais soldados morriam, o tenente da base passou a recrutar meninos civis, fazendo com que eles acreditassem que matando os rebeldes eles estariam fazendo o serviço mais honrado ao seu país e vingando a morte de seus familiares.
A partir daí Ishmael tornara-se um menino-soldado, e começou a matar. Com o passar do tempo, matava de uma forma cada vez mais cruel, só para superar o ultimo assassinato que havia cometido.Sua mente agora só pensava em mortes, guerras, e sofrimento.A única coisa que o anestesiava eram as drogas, como maconha, cocaína e brown brown, que era uma mistura de cocaína com pólvora.
Depois de 2 anos envolvido com a guerra, a vida lhe proporciona uma surpresa, foi escolhido pela Unicef, dentro do seu batalhão de guerrilha, para ser reabilitado e voltar a ter uma vida normal de um garoto de 15 anos. Mesmo depois de reabilitado pelo Unicef, seguiu fugindo da matança e de seus muitos fantasmas.
Hoje com 25 anos, Ishmael relata sua incrível experiência, que qualquer um de nós nunca imaginamos que uma criança possa passar, reside nos Estados Unidos em NovaYork e é formado pelo Oberlin College com Bacharelado em ciências políticas, é membro do comitê dos direitos da criança da ONG Human Rights Watch partcipa de diversos congressos sobre crianças afetadas pelas guerras, e não imaginaria que estaria vivo até hoje nem mesmo em escrever um livro.
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