Sexo caseiro - uma história incrível
(Rodriguez)
Um dia conheci um homem que era uma fotocópia. Porque era infeliz ao limite e porque não tinha força para se revoltar contra essa infelicidade. Entrou em transe, uma espécie de sono que absorve o mundo real e o transforma num ciclo interminável, onde se desce até à terra que tudo apaga.
Porque era infeliz? Porque amara e deixara tudo por esse amor, apostando alto demais. A luz que o guiava era densa e atraente e não permitia desvios, porque fugidia. Mas era uma luz traiçoeira porque egoísta na sua condução. O homem não queria perde-la de vista, queria agarrá-la como o sonho mais belo. A felicidade era mágica, perfeita. A perfeição é efémera, não é? – Claro.
Quando não somos também nós perfeitos, como todas as fotocópias deste espaço, dependemos de forças paralelas. As forças paralelas são circunstâncias incontroláveis. São golpes de sorte numa lotaria que se arrasta pela vida fora. E essa lotaria depende da partida. Há pessoas que nascem abençoadas por uma lotaria promissora. Há outras cujo fado é pesado. Nasceram mortas.
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