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Andam Faunos pelos Bosques
(Aquilino Ribeiro)

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Nascido em 1885  e falecido em 1963, natural de Carregal da Tabosa, Aquilino Ribeiro tem pelo meio um percurso artístico que se inicia com a escrita jornalística, durante o período da agitação republicana em Lisboa. Com a intenção de tornar-se padre vai, para Lamego e, em seguida, para Viseu, onde passa a frequentar o seminário. Em 1906, devido à falta de vocação, abandona a vida religiosa e parte para Lisboa, onde passa a ter, por causa do seu activismo político, uma vida muito tumultuada. Em 1907, devido à explosão de uma bomba, é preso. Mas consegue evadir-se e, entre 1908 e 1914, divide a sua residência entre Paris e Berlim.
Da sua obra literária fazem parte obras como: “ A Casa Grande de Romarigães”, “A Vida Sinuosa”, ou “Quando os Lobos Uivam”, este último apreendido pela censura que existia então em Portugal.
Na época, o então actual Chefe de Estado, António de Oliveira Salazar diria deste autor: “ É um inimigo do Regime. Dir-lhes-á mal de mim; mas não importa. É um grande escritor”.
Em Andam Faunos pelo Bosque, retrata-se um conjunto de sacerdotes e analisa-lhes a vida e a fé. Através deles Aquilino conta-nos uma história passada nas Beiras e nos seus bosques e serranias, onde as mais belas raparigas das redondezas são seduzidas por uma criatura que não conseguem descrever. As noites da Beira, nesta obra, ainda são feitas de lendas e de crenças míticas, como o fauno que anda pêlos bosques em busca das donzelas desprevenidas.
Por muitos considerado como a obra prima de Aquilino Ribeiro, este romance aparece ao leitor repleto de um recurso estilístico que genericamente se denomina por comparação. Este expediente discursivo, aparece preferencialmente no discurso descritivo, embora possa aparecer também na narração. Assim, a descrição deixa de ser feita de um modo linear, sendo o leitor constantemente levado a estabelecer relações de semelhança entre o pensamento propriamente dito e factos mais gerais da vida da natureza e da vida humana.
A formulação da comparação em Aquilino Ribeiro é uma arte e o material linguístico é trabalhado com esmero.
“ Dos cabelos louros, uma trança desfeita para as costas era como ramo de mimosa marfanhado, outra descendo-lhe pelos peitos até varrer o chão, lembrava vara florida a que se apoiasse… mostrava o mamilo, tão rubro, tão jucundo como morango primeiro que pinta no morangal”.
A comparação é usada como locus comprovativo e como ornatus e embelezamento de texto. Conhecedor exímio das terras beirãs, Aquilino descreve o ambiente rural situando a acção nas terras serranas da Beira Alta.
Aparecem comparações nos domínios da pecuária, pesca, caça, pastorícia, romarias, feiras e tudo o mais que caracteriza o ambiente sócio-cultural dos habitantes da Beira. O facto das comparações apresentarem elementos da natureza revela “ o amor pagão das coisas naturais, a alegria de abrir os sentidos humanos à vida sobre a terra”, para quem Homem e Natureza se relacionam em perfeita harmonia.
A comparação assume-se ainda como um hábito linguístico das camadas populares em geral e da região beiroa em particular: “ teimoso como um burro”, “comi que nem um abade”,  “fiquei cheio como um pato”.
Tantas vezes classificado como regionalista, o autor descreve com perfeição a ambiência da região que tão bem conhece. Aliás, esta característica é, seguramente, uma das mais valias que a obra de Aquilino Ribeiro trouxe à literatura portuguesa do século XXI.



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