Resumo de A Flor do Desejo - Cassiano Ribeiro Santos

ESTAVA EU GOZANDO MERECIDAS FÉRIAS NO VALE DO CAPÃO, NA POUSADA DE MESMO NOME, QUANDO TIVE A SORTE DE PRESENCIAR UMA CENA MEMORÁVEL. ESTAVA NA REDE LENDO UM LIVRO DE PREGUIÇOSAS PÁGINAS ENQUANTO, EM VOLTA DE U'A MESA NO JARDIM, O DONO DA POUSADA E UMA DE SUAS HÓSPEDES CONVERSAVAM DISTRAÍDOS. O SOL COMEÇAVA A CAIR, DOURANDO A CRISTA DOS PLATÔS E, PREFERINDO CONTEMPLAR O ESPETÁCULO A LER A MIXÓRDIA DO LIVRO QUE TINHA EM MÃOS, ACABEI POR ESCUTAR, INADVERTIDAMENTE, A CONVERSA DOS VIZINHOS. ELA, UMA SENHORA CINQÜENTENÁRIA, ERA PROFESSORA DE BIOLOGIA E VEGETARIANA FANÁTICA; ELE, UM APRECIADOR DE PICANHAS E BISTECAS ARGENTINAS; O CONFLITO ESTAVA ARMADO. O ARRAZOADO DA VEGETARIANA, COMO UMA EXUBERANTE SALADA, APRESENTAVA DE TUDO: ESPIRITUALIDADE, ECOLOGIA, SAÚDE, REFINAMENTO DOS SENTIDOS...MAS ERA O SOFRIMENTO DOS ANIMAIS, FEITO UMA LACRIMOSA CEBOLA A COROAR A SALADA, SEU RECALCITRANTE E SOBERANO ARGUMENTO. QUASE CHOREI AO OUVIR A DRAMÁTICA DESCRIÇÃO QUE ELA FAZIA DOS MATADOUROS E AÇOUGUES COMO VESTÍBULOS DO INFERNO. O DONO DA POUSADA, EXTREMAMENTE PRAGMÁTICO, DEFENDIA A EMINÊNCIA DO SER HUMANO SOBRE OS OUTROS ANIMAIS E O DIREITO, BÍBLICO, ALIÁS, DO HOMEM PASTOREAR E USUFRUIR A CRIAÇÃO DIVINA. PARA ARREMATAR COM FECHO DE OURO, ELE LHE PROPÔS UMA QUESTÃO QUE TRANSCREVO SEM ME ATER ÀS PALAVRAS:
_ ESCUTE BEM, SAMANTHA, - (JURO QUE NÃO INVENTEI ESSE NOME!) – IMAGINE UMA LOCOMOTIVA EM ALTA VELOCIDADE. VOCÊ É A MAQUINISTA. NO HORIZONTE, A LINHA SE BIFURCA EM DUAS. VOCÊ PODE VER, NO MEIO DOS TRILHOS, DUAS SITUAÇÕES: DE UM LADO, TODOS OS ANIMAIS DA TERRA, OS ÚLTIMOS DE CADA ESPÉCIE, SOBRE OS TRILHOS. PASSANDO POR ALI, VOCÊ IRÁ EXTINGUIR TODA A FAUNA DO PLANETA. NA OUTRA LINHA, SENTADA SOBRE OS TRILHOS, UMA CRIANÇA DE DOIS ANOS, U'A MENINA DE FRALDA E BICO, COM OS OLHOS GRANDES A FITAR O CENÁRIO SEM NADA ENTENDER. SE VOCÊ NÃO FIZER NADA, O TREM SE DIVIDE E EXTERMINA A AMBOS. VOCÊ PODE ESCOLHER UMA DAS BIFURCAÇÕES E SALVAR A FAUNA DO PLANETA OU A CRIANÇA INOCENTE. QUEM VOCÊ SALVARIA?
SAMANTHA NÃO DEMOROU MUITO EM RESPONDER. DESLIZOU SEU VOLUMOSO CORPO SOBRE O BANCO E, QUASE A ENVOLVER SEU INTERLOCUTOR, SUSSURROU-LHE AO OUVIDO (TIVE DIFICULDADES EM OUVIR.):
_ QUERIDO! EU SALVARIA OS ANIMAIS! BICHO É COISA QUE EU NÃO SABERIA FAZER... MAS UMA CRIANÇA! ... DÊ-ME UM HOMEM FOGOSO COMO VOCÊ – (NISSO, ELA JÁ ENFIAVA A MÃO NO PEITO DELE, ARRANHANDO-LHE OS PELOS) – E EM NOVE MESES EU FAÇO OUTRA CRIANÇA!!!
O DONO DA POUSADA COMEÇOU A RECUAR, LÍVIDO FEITO UM RABANETE SOB A FACA DO VERDUREIRO. A INCLINAÇÃO DOS DOIS SOBRE O BANCO, ELE AGUDO, ELA OBTUSA, DESLOCOU O CENTRO DE GRAVIDADE E O BANCO VIROU-SE SOBRE O GRAMADO. FOI A CHANCE DELE ESCAPAR À SORRELFA ENQUANTO A SOLERTE DEFENSORA DOS ANIMAIS, ESFALFADA SOBRE A GRAMA, VIA LHE ESCAPAR O PEPINO GELADO DE SUAS MADRUGADAS!

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