Avaliação Multidisciplinar do Paciente Geriátrico - pelo Médico
(Arlindo Maciel)
As particularidades do atendimento médico ao idoso vão além do momento da consulta propriamente dita. Inclui um ambiente receptivo, confortável e, muitas vezes, adaptado para atender expectativas próprias da idade.
Durante a consulta clínica, devem-se considerar fatores como demências e déficits sensoriais que dificultam a comunicação e podem interferir na relação médico-paciente.
A anamnese exerce grande importância na avaliação e deve ser dirigida para que seja clara e objetiva. De preferência deve ser obtida primeiro do paciente (quando possível) e depois do cuidador ou acompanhante. Ela pode ser dividida em seis partes: queixa principal (que perde sua importância quando coexistem várias morbidades), história da doença atual e pregressa, história familiar (é menos relevante que no jovem), história social (fator determinante de saúde e até de sobrevida), história nutricional e história sexual.
O exame físico do idoso deve ser detalhado em todas as suas partes. Após a coleta da história clínica, realiza-se a avaliação do estado mental pela observação da aparência e comportamento, e aplicação de instrumentos de avaliação (os mais usados são o Mini-Mental State Examination e o teste do relógio). A avaliação do estado funcional corresponde à determinação do grau de independência para as atividades da vida diária (AVD), divididas em atividades básicas (ABVD) e atividades instrumentais (AIVD). A avaliação para depressão deve estar presente e é importante lembrar que sua apresentação pode ser diferente da observada em adultos jovens. Os dados vitais devem ser obtidos em seguida: pressão arterial (dando atenção para o hiato auscultatório, a pseudo-hipertensão e a hipotensão postural), pulsos periféricos, temperatura e peso. A ectoscopia deve ser iniciada pela observação do estado geral, da postura, da expressão, do autocuidado e do odor corporal. No exame da cabeça devem-se inspecionar olhos, ouvidos (incluindo teste simples de audição) e boca, e auscultar as artérias temporais. O pescoço deve ser avaliado pela palpação e ausculta das artérias carotídeas, inspeção e palpação da tireóide e pela pesquisa de cicatrizes cirúrgicas. À pele deve ser dada grande importância procedendo-se o exame de toda sua extensão, atentando para alterações tanto fisiológicas do envelhecimento quanto patológicas. As unhas estão mais espessas, de coloração amarelada e crescem mais lentamente que nos jovens. Ao aparelho cardiovascular, deve-se dar atenção especial à pressão arterial (já citada) e aos sopros cardíacos. O aparelho respiratório apresenta algumas peculiaridades: o tórax apresenta-se hiperinsuflado à inspeção, com a expansibilidade diminuída e a freqüência respiratória entre 16 e 20 incursões por minuto; à palpação podem-se encontrar áreas dolorosas; à percussão, observa-se hipersonoridade; e, à ausculta, o murmúrio vesicular está usualmente diminuído e é comum a presença de crepitação nas bases pulmonares. Quanto ao aparelho digestivo, o exame do abdome pode revelar sinais de maus tratos (equimoses, escoriações), massas fecais, aneurismas, distensão vesical e hérnias. O toque retal deve ser realizado em todos os pacientes. Ao aparelho geniturinário deve-se dar importância aos sopros e massas renais e presença de bexigoma. Nos homens deve-se examinar, cuidadosamente, pênis, escroto, testículo e epidídimo. Nas mulheres procede-se o exame ginecológico, com exame das mamas, do hipogástrio e da pelve. O exame neurológico do idoso é de fundamental importância (as disfunções desse sistema são a principal causa de incapacidade geriátrica). Realiza-se, então, o exame do estado mental, pesquisa de sinais meníngeos, testes dos nervos cranianos, sensibilidade, função motora, postura, equilíbrio e marcha.
Terminados a anamnese e o exame físico, podemos estabelecer o diagnóstico, listando os problemas detectados.
A partir deste (diagnóstico sindrômico, anatômico e etiológico), será possível planejar e prescrever a propedêutica e terapêutica.
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