Avaliação Multidisciplinar do Paciente Geriátrico-pelo Nutricionista
(Arlindo Maciel)
A Nutrição age no campo da promoção da saúde através da identificação precoce de indivíduos em risco nutricional para doenças crônicas podendo, assim, estabelecer a intervenção (prevenção primária) no sentido de reduzir esses riscos. Quanto à prevenção secundária, o profissional estabelece o tratamento de doenças (mesmo que assintomáticas).
A avaliação nutricional de idosos possui algumas particularidades, o que a torna mais complexa. Existem dificuldades para se diferenciar alterações orgânicas relacionadas ao envelhecimento daquelas decorrentes de doenças, do consumo inadequado de alimentos, do estilo de vida sedentário, ou das conseqüências de um baixo nível socioeconômico. Para que essa avaliação determine o estado nutricional do paciente, deve conter informações sobre ingestão de alimentos, história clínica, dados antropométricos, dados bioquímicos, informações psicossociais, exame clínico, uso de medicamentos, estado mental/cognitivo, estado funcional e saúde oral.
A avaliação antropométrica permite determinar o estado nutricional atual e monitorizar os efeitos de uma alteração nutricional. É de fundamental importância e fácil de ser obtida por utilizar métodos indiretos e não-invasivos. Os dados antropométricos são: altura, peso corporal, circunferência da panturrilha, altura do joelho, circunferência do braço, prega cutânea tricipital e prega cutânea subescapular e área muscular do braço.
Para a avaliação nutricional dietética, utiliza-se um método prospectivo (diário ou registro de alimentos) ou métodos retrospectivos (recordatório de 24 horas, questionário de freqüência alimentar e questionário semiquantitativo de freqüência alimentar). Os resultados obtidos estarão na dependência da habilidade do profissional e do entendimento e cooperação do paciente e/ou de seu cuidador (se houver).
Os dados bioquímicos podem monitorizar a resposta à terapia nutricional e determinar o risco nutricional. Os indicadores mais importantes para a prática clínica são: hematócrito, hemoglobina, albumina, transferrina, glicemia, creatinina, uréia, eletrólitos e perfil lipídico.
A avaliação clínica oferece informações sobre a presença de doenças, sinais e sintomas de distúrbios nutricionais, o uso de medicamentos, estado funcional, estado mental ou cognitivo e saúde oral. Todos esses aspectos são importantes para a determinação do estado nutricional do idoso.
A observação dos aspectos socioeconômicos pode identificar o paciente em risco nutricional, pois se sabe que a desnutrição está ligada ao isolamento social e à limitação na renda familiar.
Existem ferramentas já padronizadas para a avaliação do estado nutricional do idoso. O Nutrition Screening Initiative (NSI) é uma delas e contém uma lista de auto-avaliação que visa identificar idosos com problemas nutricionais ou estado nutricional deficiente. O Índice de Risco Nutricional (IRN) é outro instrumento e contém questões sobre a ingestão de alimentos, restrições dietéticas, quadros mórbidos que afetam a ingestão de alimentos, doenças associadas com a ingestão dos mesmos e mudanças significativas no hábito alimentar. Ele deve ser aplicado por profissional da saúde e pode ser usado como uma alternativa ou em conjunto com o NSI. Outra ferramenta é a Miniavaliação Nutricional, composta por perguntas sobre medidas antropométricas, informações dietéticas, avaliação global e autopercepção da saúde e nutrição.
Na prática clínica são observadas várias limitações para se interpretar os dados sobre o estado nutricional da população idosa. Isso inclui as mudanças fisiológicas, o uso freqüente de medicamentos, a falta de padrões antropométricos específicos para o grupo etário entre outras dificuldades. Mas uma avaliação bem feita, conjunta e integrada permitirá ao nutricionista determinar o estado nutricional e estabelecer a intervenção mais adequada.
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