Avaliação Multidisciplinar do Paciente Geriátrico-pelo Fonoaudiólogo
(Arlindo Maciel)
A identificação e avaliação dos distúrbios da comunicação constituem o trabalho do fonoaudiólogo. Em Geriatria e Gerontologia, as alterações da comunicação podem estar relacionadas ao processo normal de envelhecimento, como perda da acuidade auditiva, alterações da voz, alterações da motricidade oral e alterações de linguagem. Mas deve-se atentar também para condições patológicas como as síndromes afásicas e as demenciais. Qualquer que seja a causa (fisiológica ou patológica), a perda da interação interpessoal sempre causará angústia e frustração para o cuidador, familiar ou funcionário da instituição asilar.
Há duas abordagens que o profissional poderá utilizar com o paciente idoso: a primeira objetiva a identificação, avaliação e o tratamento individual dos distúrbios específicos de fala, deglutição, voz, linguagem e audição; a segunda, se estende ao ambiente onde o paciente vive, e objetiva avaliar e transformar fatores que interferem na comunicação, tornando-a mais efetiva.
A audição é avaliada através de procedimentos realizados por um fonoaudiólogo treinado e incluem: audiometria tonal por vias aérea e óssea, logoaudiometria, pesquisa dos limiares de desconforto e imitanciometria. O profissional sempre deve considerar as expectativas do idoso com relação à reabilitação das habilidades funcionais, as aspirações e necessidades individuais de protetização e a relação custo/benefício da intervenção.
Quanto à motricidade oral, avalia-se deglutição e fala. As principais anormalidades relacionadas à deglutição associadas à idade incluem aspiração, mudanças na coluna cervical e xerostomia. A avaliação será clínica (anamnese e exame físico) e/ou instrumental (videofluoroscopia da deglutição, nasolaringofibroscopia e ausculta cervical). Em relação à fala, as principais alterações geradas pelo envelhecimento decorrem de: perda de dentes, mudança na capacidade funcional da musculatura oral, diminuição da coordenação motora e alterações na língua. Avalia-se a fala principalmente através da observação.
Com o envelhecimento, a voz também se deteriora (presbifonia) de maneira fisiológica. Porém, é necessário estabelecer parâmetros vocais da população idosa. Para sua avaliação, realiza-se entrevista ou questionário, observa-se a qualidade da voz e seu grau de alteração, mede-se o tempo máximo de fonação de algumas vogais e consoantes e contagem de números, observa-se a estabilidade da emissão, avalia-se a capacidade pneumofonoarticulatória e, se necessário, aspectos da motricidade oral também serão analisados.
A linguagem é afetada de forma diferente no envelhecimento normal e no patológico. A afasia no idoso tem como causa principal o acidente vascular cerebral. É avaliada conhecendo-se os déficits auditivos e visuais, através de conversação, compreensão, repetição, nomeação, escrita e leitura. Nas demências o paciente apresentará alterações no conteúdo e no uso da linguagem, enquanto que a forma ficará preservada. Essas anormalidades se relacionam às alterações cognitivas, especialmente à memória. A avaliação dessas condições contribuirá para o diagnóstico diferencial das síndromes demenciais. Infelizmente, não existem no Brasil instrumentos específicos de avaliação para as demências. Poderão ser utilizados protocolos e testes para afasia.
Através do que foi dito aqui, especialistas e generalistas poderão conhecer os distúrbios de comunicação apresentados pelo idoso (nas áreas de audição, motricidade oral, voz e linguagem), definir as funções e habilidades que poderão ser identificadas e avaliadas, conhecer os tipos de avaliação disponíveis para sua utilização, orientar-se quanto à conduta mais adequada com relação ao idoso, e orientar o cuidador quanto ao aparecimento dos distúrbios para posterior encaminhamento aos especialistas.
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