Avaliação Multidisciplinar do Paciente Geriátrico-pelo Tanatologista
(Arlindo Maciel)
Psicotanatologia corresponde ao conjunto de técnicas utilizadas no atendimento a pessoas que sofrem perdas. Assim sendo, percebemos a importância do seu uso em Geriatria e Gerontologia. A faixa etária que vivencia perdas em maior número, variedade e rapidez e a dos idosos. Essas perdas podem ser divididas em cinco grupos citados a seguir:
As doenças crônicas ou limitações físicas a que os idosos estão mais sujeitos trazem desconforto e limitações aos acometidos;
A morte de um cônjuge, amigo ou parente próximo lhe será muito doloroso, fará com que medite sobre sua própria fragilidade e possibilidade de morrer, e levará à solidão (está perdendo as pessoas com quem compartilhava sua vida de igual para igual);
A morte de um filho ou neto vai contra a ordem natural, em que filhos são os que devem enterrar os pais. Quando isso acontece, geralmente traz no idoso um sentimento de culpa, de omissão, que é um dos mais destrutivos, podendo levar à autopunição;
A morte de um animal de estimação pode representar uma grande perda, que geralmente é agravada pela falta de compreensão de amigos e parentes;
Perdas materiais significativas trazem muito sofrimento. Em um país onde a aposentadoria é irrisória e as assistências médica e medicamentosa são precárias, há uma preocupação financeira constante.
Ainda no campo da Tanatologia devemos analisar a incidência de suicídio entre os idosos, que tem a depressão como principal causa. Quando o indivíduo começa a vivenciar perdas e, com elas, perde-se também a esperança de ter qualidade de vida, o suicídio é uma opção viável se não há uma base espiritual significativa. Entre os idosos geralmente não existem apenas tentativas de auto-extermínio; quando recorrem a essa opção, planejam bem e acabam praticando o ato irreversível. Assim, qualquer paciente geriátrico que confesse desejos de suicídio deve receber atendimento especializado a esse respeito.
Devemos considerar também um outro aspecto, que diz respeito à prática dos ritos fúnebres. Toda a sociedade deve conhecer a importância de tal prática, pois é através dela que a família e os amigos começarão a elaborar a perda, vivenciar o luto e, assim, poderão superar o sofrimento. Privar uma pessoa da dor atual (dopando com tranqüilizantes ou impedindo-a de participar dos ritos) significa apenas adiar seu sofrimento, que pode vir a ser maior no futuro.
Assim, percebemos que o idoso possui inúmeras particularidades sendo indispensável seu conhecimento para uma adequada avaliação e bom diagnóstico e tratamento. É imprescindível que no atendimento a essa faixa etária estejam presentes empatia, compaixão, respeito, boa vontade e disponibilidade.
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