As relações amorosas no TDAH do Adulto
(evelyn vinocur)
Você conhece aquele tipo de rapaz que vive correndo, sempre atrasado e que nunca dá conta das suas obrigações apesar de não parar nunca, pois está sempre ocupado com uma ou mais coisas...? Pessoas assim estão sempre magoando o coraçãozinho das suas parceiras. Nossa, como elas choram, se despenteiam, ficam raivosas, confusas e sem rumo.
Fernanda foi ao meu consultório com queixas de dor no peito e vontade de chorar. Ao longo da entrevista, perguntei como estava o casamento. Ela disse que estava mal, que estava se sentindo muito sozinha, que o marido nem ligava pra ela, e que eles estão com dívidas porque ele bateu com o carro e havia esquecido de pagar a mensalidade do seguro, então ele tiveram que pagar o conserto das próprias economias...
Luzia está desnorteada. O namorado não presta atenção em nada. Se ela usar minisaia ou nada, ele nem percebe. Luzia está cada vez mais insegura com o namorado pois acha que esse desligamento dele com ela é falta de amor. Também reclama muito porque quando ele chega no quarto dela, senta no computador e esquece da vida. E ela se sente rejeitada e está deprimida por conta disso.
César está visivelmente aborrecido e cansado. Procurou-me para fazer terapia comigo, segundo ele, para desabafar, pois ele sofreu muito nos últimos oito anos de seu casamento. César me falou que foi inocente ao casar, que depois do casamento a esposa mudou muito. No início do casamento, cismou que não estava gostando da faculdade e que iria trancar para refletir o que queria fazer. Já começou mais duas faculdades e trancou. Agora está na terceira faculdade, mas não consegue acordar na hora nenhum dia. César falou também que ela é estabanada, porca, desorganizada e muito avoada. César disse que gostava muito da esposa e que fazia quase tudo em casa para ajudar e para não ter brigas. Com o passar dos anos, disse que a gota d’água já se foi e ele pediu a separação. Apesar de triste com isso, não pode negar que está aliviado.
Realmente não é nada fácil conviver com uma pessoa portadores de TDAH e muito menos fácil é ser o próprio portador. Tanto, que entre portadores de TDAH, o número de divórcios beira quatro vezes mais quando comparado à população geral. As brigas são constantes, as queixas inúmeras, a falta de dinheiro quase sempre é a regra. Tudo fica decepcionante, frustante e desanimador. Dentre as discórdias amorosas, são comuns as queixas de atrasos freqüentes, mudanças de plano sem aviso prévio, esquecimentos de datas importantes (aniversário de namoro ou de casamento), falta de atenção quando o/a parceiro/a está de roupa nova, quando o computador se torna mais importante que ela, da falta de autocontrole e perda de empregos.
Uma outra questão muito delicada é a presença de comorbidade. A com uma, duas ou mais doenças psiquiátricas é a regra no TDAH. Assim, é grande a incidência de portadores adultos fazendo uso excessivo de álcool e ou drogas. Para se ter uma idéia, dos usuários de álcool e drogas, 25% vão apresentar o TDAH. O TAG, ou transtorno de ansiedade generalizada também pode ser muito parecido com o TDAH e confundir o profissional, daí a importância de um profissional especialista em TDAH. Outra comorbidade que temos que prestar muita atenção é no caso de portadores de transtorno do humor bipolar, pois pode se manifesta de modo extremamente parecido com o TDAH.
Como dá pra perceber, o diagnóstico no adulto e bem mais impreciso, indefinido, sendo muito pouco diagnosticado nessa fase da vida. Daí ser tão essencial o diagnóstico na infância ou no início da adolescência.
Geralmente o adulto associa as suas dificuldades e limitações à falta de tempo, falta de dinheiro, ao próprio temperamento ou porque a vida é assim mesmo. Eles muito dificilmente vão imaginar que toda essa limitação ocorra por um transtorno neuroquímico e que tenha um tratamento eficaz.
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