BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


Silviano Santiago e Walter Mignolo - pensamento liminar
(Silviano Santiago - Walter Mignolo)

Publicidade
2nd parte - o pensamento liminar na contemporaneidade
O crítico literário e cultural brasileiro Silviano Santiago buscava compreender o entre-lugar do discurso latino-americano. Na década de 1970, ao invés de recorrer aos pensadores sociais ou teóricos da literatura, como Mignolo,  Santiago almejava compreender o lugar ocupado pelo discurso literário latino-americano em relação ao europeu, não mais a partir da perspectiva de que o europeu seria a fonte e a influência dos textos latino-americanos, mas enfocando o modo como o discurso literário latino-americano reescrevia o já-escrito.
Santiago pretende, inicialmente, observar os valores dos grupos em oposição, questionando concepções dicotômicas como inferior/superior (SANTIAGO, op. cit, 12) e, até mesmo, considerando a possibilidade de inverter tais posicionamentos. Uma diferença nas abordagens de  Mignolo e Santiago quanto ao dialogo cultural entre o latino-americano e o europeu deriva, talvez, dos processo de colonização e ao estádio dos povos ameríndios no momento da colonização. Na américa-hispânica as cosmologias ameríndias parecem ter recebido maior atenção dos intelectuais, enquanto na américa-portuguesa, segundo Santiago, os “indígenas perdem sua língua e seu sistema sagrado e recebem em troca o substituto europeu”. O encontro colonial, para Santiago, pretende a aculturação indígena (a aculturação é um processo contestado por pensadores, antropólogos e sociologos latino americanos como Fernando Ortiz que defende a noção de transculturação), enquanto a perspectiva de Mignolo atenta para a transculturação.
Nessa perspectiva de aculturação do indígena, o enfoque se direciona não para as interrelações entre as culturas ameríndias e européias, mas para  modo como a elite colonial se apropria do pensamento europeu, adaptando-o ao local cultural. Local, contudo, na América portuguesa, em que a presença indígena teria sido dizimada. Nesse contexto, os intelectuais locais tornar-se-iam simulacros dos europeus, se querendo “mais e mais semelhantes ao original”, apagando sua possível originalidade indígena.
No entanto, se tal era o desejo, no contato colonial, a separação pretendida não foi efetivada, pois, a exemplo dos códigos lingüísticos e religiosos, o contato entre o ameríndio e o europeu provocou metamorfoses e aquisições em que “o elemento híbrido reina (SANTIAGO, p. 18)”, destruindo sistematicamente as concepções de pureza e de unidade.
Se Santiago teoriza a impossibilidade do silenciamento e da aculturação do ameríndio desejada pelo colonizador, o texto de Mignolo nos fornece subsídios para refletir como o pensamento crítico latino-americano já atentava para a intersecção entre o pensamento ameríndio e europeu, desde o século XIX. Uma gnose liminar que já era produzida em textos escritos na América Espanhola e que Santiago, em termos de Brasil, considera em relação ao discurso literário latino-americano.
Mediante esta sucinta leitura de diferentes abordagens de teóricos que buscam compreender a diferença cultural não como oposição, dependência ou relação de superioridade/inferioridade em ao Outro, mas como contato e diálogo produtivo no encontro entre o pensamento crítico latino-americano e europeu, as identidades e o discurso, na liminaridade ou no entre lugar, passam a ser concebidas como híbridas, mescladas e, por que não, em um jogo por vezes contraditório.

SANTIAGO, SILVIANO. O entre-lugar do discurso latino americano. In: Por uma literatura nos trópicos:ensaios sobre dependência cultural. São Paulo: Perspectiva, 1979, p. 11-28.
MIGNOLO, Walter. Compreensão Humana e Interesses Locais: O Ocidentalismo e o Argumento (Latino-) Americano. IN: Histórias locais/projetos globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Belo Horizonte: UFMG, 2003, p. 181-238.
PISCITELLI, Adriana. Reflexões em torno do gênero e feminismo. In: COSTA, Claudia Lima e SCHMIDT, Simone Pereira. Poéticas e Políticas feministas. Florianópolis: Ed. Mulheres, 2005, p. 43-66.



Resumos Relacionados


- O Memorial Da AmÉrica Latina

- Serviço Social E A Redemocratização Da America Latina

- Estética Da Fome

- The Alchemist

- Cem Anos De Solidão



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia