Como funcionam os bombardeiros B-2
(Tom Harris)
Introdução
O bombardeiro B-2, conhecido como bombardeiro Stealth, foi no mínimo um ambicioso projecto. Nos anos 70, o exército norte-americano tinha a intenção de substituir o ultrapassado bombardeiro B-52. Eles precisavam de um avião que pudesse carregar bombas nucleares até a União Soviética em poucas horas e que fosse praticamente invisível aos sensores inimigos.
Como você pode imaginar, esconder um avião gigantesco não é uma tarefa fácil. Northrop Grumman, a empresa que ganhou o contrato do bombardeiro, gastou biliões de dólares e aproximadamente 10 anos desenvolvendo o projecto secreto. O produto final é uma máquina revolucionária, uma asa voadora de 52 metros de envergadura que se parece com um insecto aos leitores do radar. O veículo é revolucionário também do ponto de vista da aeronáutica: ele não possui nenhum dos sistemas de estabilidade padrão que se encontra em um avião convencional, mas os pilotos dizem que ele voa tão bem quanto um jacto de ataque.
Uma asa voadora
Um avião convencional possui uma fuselagem (a estrutura principal), duas asas e três estabilizadores traseiros anexos à cauda. As asas geram o levantamento, suspendendo a fuselagem no ar. O piloto guia o avião ajustando os componentes móveis das asas e os estabilizadores. O ajuste desses componentes altera a maneira com que o fluxo de ar passa pelo avião, fazendo o avião subir, descer ou virar. Os estabilizadores mantêm também o avião nivelado (veja Como funcionam os aviões para descobrir como esses componentes trabalham em conjunto).
O bombardeiro B-2 possui um design completamente diferente - trata-se de uma grande asa, parecido com um bumerangue.
O design dessa asa voadora é muito mais eficiente do que o de um avião convencional. Em vez de asas separadas suportando todo o peso da fuselagem, o veículo inteiro age para gerar sustentação. A eliminação da cauda e da fuselagem também reduz o arrasto, (a força total da resistência de ar agindo sobre o avião).
A maior eficiência ajuda o B-2 a percorrer distâncias mais longas em um curto período de tempo, mas ele não é o veículo mais rápido que existe. Militares dizem que ele é subsônico, o que significa que sua velocidade máxima está pouco abaixo da velocidade do som (cerca de 305 m/s ou 1.000 ft/s), mas pode percorrer 11 mil km (6.900 milhas) sem reabastecer e 18.500 km (11.500 milhas) com uma recarga em vôo.
Armas
Originalmente, a principal função do B-2 era carregar bombas nucleares para dentro da União Soviética em caso de guerra. Com a queda da União Soviética em 1991, os militares redefiniram o papel do B-2. Ele é classificado agora como um bombardeiro multifuncional, projectado para carregar bombas convencionais além das munições nucleares.
O B-2 inclui dois lançadores giratórios, posicionados no centro do avião. Quando o comandante da missão está pronto para disparar, um sinal é enviado ao computador de bordo. O computador abre as portas do compartimento de bombas, gira o lançador para posicionar a bomba correta e então a lança.
Os lançadores carregam bombas gravitacionais convencionais, bombas "burras" que simplesmente caem no seu alvo, assim com bombas de precisão teleguiadas que procuram o alvo. O avião pode carregar cerca de 18 mil quilos de munição.
As bombas de precisão teleguiadas do B-2 são, na verdade, munições "burras" com um sistema de orientação separado anexo a elas. Esse kit de orientação, conhecido como Joint Direct Attack Munition, inclui estabilizadores de cauda ajustáveis, um computador de controle, um sistema de orientação inercial e um receptor de GPS. O B-2 utiliza seu próprio receptor de GPS para apontar alvos. Uma vez que a equipe tenha localizado seu alvo, ela envia as coordenadas GPS do alvo para a JDAM e libera a bomba.
A Northrop Grumman projectou o B-2 quase que inteiramente em computadores, completamente diferente dos métodos tradicionais de esboço. Nos anos 80, esse foi um grande salto na tecnologia. Engenheiros tiveram a possibilidade de construir modelos precisos de uma aeronave desde o menor parafuso, além de testar sua eficiência e camuflagem Stealth em um simulador virtual.
O processo de fabricação também foi computorizado. O computador guiava robôs de montagem extremamente precisos para se certificar de que cada peça estava exactamente na posição correta. Era fundamental prevenir quaisquer erros pois eles poderiam comprometer o formato Stealth do avião.
No ar, o receptor GPS da JDAM processa o sinal de satélites GPS para manter conhecimento da sua própria posição, enquanto o sistema de orientação rastreia a mudança de posição da bomba. O computador de controle ajusta os estabilizadores de voo da JDAM para guiar a bomba até o alvo desejado. Esse sistema preciso de ataque a alvos permite que o B-2 lance suas bombas e escape rapidamente. A bomba funciona bem mesmo sob climas adversos, já que a JDAM só necessita dos sinais de satélite para encontrar seu alvo, não precisa ver absolutamente nada no solo (veja Como funcionam as bombas inteligentes para mais informações).
Devido ao custo elevado e relativa inexperiência de campo, o B-2 é uma arma considerada controversa. Enquanto alguns analistas consideram-na o auge das aeronaves militares, outros dizem que o avião apresenta sérias limitações, como a alta sensibilidade de suas capacidades Stealth ao mau tempo. Entretanto, quase todo mundo concorda que ele é uma evolução da tecnologia aeronáutica.
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