BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


Folha de Sao Paolo
()

Publicidade
Juventude brasileira: um novo perfil?
 Ana Ribas
Consultora Educacional
O Datafolha realizou uma pesquisa com jovens brasileiros, com idade de 16 a 25 anos, publicada em 27 de julho, com indícios interessantes sobre o perfil da juventude brasileira, dos quais destaco algumas considerações sobre as respostas dos 1.541 entrevistados.
A prioridade dos jovens é por realizações pessoais. Entre as dez respostas sobre “seu maior sonho”, apenas 1% respondeu dos jovens foi de um mundo sem violência, as demais foram estritamente individuais. Dos entrevistados 69% admitiram ser consumistas e a participação comunitária não existe para 45% dos jovens. Provavelmente pela consolidação do neoliberalismo, impondo um pensar individualista e alto consumo. Mas, o empreendorismo que faz parte do pacote neoliberal  não alcançou os jovens, apenas 3% optaram em ter um “negócio próprio”, enquanto 33% buscavam emprego/carreira. (41% estavam empregados com ou sem registro). 
A juventude eterna e despreocupada com o futuro já era. Diferente do que se imaginava a morte ganhou no ranking do “seu maior medo” (40%) e a morte de familiares (17%) e a saúde ocupou o segundo lugar na escala de valores. (99%) e a sensação de medo permeia mais nas jovens (69%) do que nos jovens.
A pesquisa revelou que a família é importante para os jovens (99%), em especial a mãe como sendo a pessoa em que os jovens mais amavam e confiavam. Surpresa que os avós apareceram em segundo lugar, quase empatando com os irmãos em terceiro e os pais foram os últimos no ranking. A hipótese dos avós ocuparem lugar de destaque entre os jovens pode ser pela crescente desestruturação familiar com mudanças no perfil de núcleo familiar, onde cada vez mais os avós são responsáveis pela criação dos netos e participantes na renda familiar, principalmente nas camadas populares.
Sobre a educação apenas 4% dos jovens citaram entre os maiores problemas do Brasil, mesmo que a repetência escolar tenha sido em 54% dos entrevistados e 49% não estarem estudando. Interessante  foi que a reprovação não tem para os jovens, o mesmo olhar dos “especialistas em educação” como um castigo ou falha do sistema, mas enquanto uma oportunidade para rever seus posicionamentos. Diga-se de passagem o lobo-mau da reprovação foi intencionalmente criado no imaginário dos professores para redução de despesas e não como fins pedagógicos e, a maioria caiu na conversa.
Pontos positivos foram que 67% pretendiam cursar uma universidade, já que na geração anterior a preferência era os cursos técnicos em nível médio e na avaliação dos professores a nota foi de 8,1, um índice muito favorável sobre o desempenho e importância dos docentes na perspectiva dos jovens.
Sobre os maiores problemas do Brasil foram registrados por ordem decrescente: a violência, corrupção, desemprego e fome/pobreza.
Com relação ao consumo de drogas, o cigarro não foi registrado em 81% dos jovens e 75% não eram usuários de drogas. No entanto, o consumo de álcool foi generalizado nas regiões brasileiras, com índices entre 53% a 68%, onde o consumo regular foi em 59%, sendo que 1 a cada 3 jovens o consumo foi precoce (antes dos 15 anos) e, 1 a cada 5 jovens dirige depois de beber álcool. Nos estados da região sul estavam os maiores índices entre os que fumaram (29%); bebiam (68%) e já usaram drogas (22%).
A participação comunitária não era exercida em 45% dos jovens. Dos que participavam a igreja liderou o ranking (39%) e trabalho voluntário (24%).
Preocupante no sentido de participação em instâncias de defesa coletiva e exercício da cidadania, poucos são os jovens que se envolvem em grêmios ou instituições estudantis (15%); sindicatos (5%) e reforma agrária (4%).
Apesar de 47% acompanharem os noticiários políticos, os jovens querem distância dos partidos políticos, apenas 7% participavam de algum partido. Se os jovens são o futuro do Brasil esta situação é agravante, uma vez que não há perspectiva de uma renovação, permitindo que os “capas” e seus discípulos continuem com suas arcaicas concepções partidárias.  
A mídia é eficiente em colocar nos jovens os estereótipos à despersonalização, desvalorização e baixa-estima: 58% desejavam fazer uma cirurgia plástica;  44% gostariam de ser iguais a determinadas personalidades públicas da televisão, com preferência entre cantores e artistas nacionais. Apenas 31% dos jovens não tinham como referência ídolos, destes somente 3% desejavam ser eles mesmos e do total 12% não souberam responder;  
Em síntese, a juventude de hoje ao que parece está mais conservadora, individualista e muito consumista. A precocidade e liberdade sexual são realidades e o acesso as informações está melhor. Com exceção da violência e desemprego, para significativa parcela dos jovens os problemas sociais existem como fatos que não lhes dizem respeito.
 Se, considerarmos que cada jovem busque viver melhor e fortalecendo o núcleo familiar,  por conseqüência haveria redução significativa dos problemas sociais. No entanto, o grande problema é que individualmente é impossível, já que para ter emprego, moradia, saúde, acesso aos estudos..., não depende somente da vontade e esforço próprio, mas de fatores externos como os políticos e se não houver maior participação coletiva com envolvimento dos atuais jovens, os futuros jovens continuarão tendo os mesmos problemas e os mesmos sonhos.



Resumos Relacionados


- O Brasil Populariza O Orkut

- Política Estadual De Juventude - Lei 18.136/09

- Bbc Brasil.com

- Juventude Desperdiçada Nos Jovens

- O Globo



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia