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Primeiro Amor
(Gizele Magnole)

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Primeiro amor

Era a primeira vez que sentia que alguém olhava diretamente para mim, não para os meus defeitos ou as minhas qualidades físicas, ou pior para o que eu trajava que definitivamente não faz parte de mim. Eu via o sorriso nos seus lábios, no seu olhar e parecia realmente feliz ao me ver.
Já nos conhecíamos de longa data a pesar de eu haver mudado de cidade há muito tempo, continuávamos com uma grande amizade que não podia ser explicada, apenas nos gostávamos sem motivo e isso bastava. Eu estava de visita, e durante esse período, nos fazíamos companhia, conversávamos do passado, do presente e de tudo que lembrávamos. Do tempo em que estudávamos e compartilhamos a infância. Lembro-me ainda que vagamente dos dias em que eu esperava o término da aula, só para estarmos a sós na saída. Lembro de muitas vezes que eu ficava lhe observando dissimuladamente para não se dá conta do meu enamoramento juvenil. Sempre gostei de observar tudo ao meu redor, mas observar os seus gestos, a sua concentração, enquanto terminava de escrever no caderno, era o que me dava mais prazer, o que eu queria mesmo era sua atenção só para mim, sabia que talvez não fosse recíproco e me contentava somente com a sua companhia, lutando por dissimular o meu encantamento.
No meu retorno a cidade, parecia que os nossos laços de amizade estavam mais estreitos. Era nítida as suas atitudes procurando me agradar, e eu apreciava, ainda que não dissesse isso com palavras. Subíamos e descíamos as ruas caminhando sem rumo, apenas pelo prazer do passeio. Foi então que próximo à escola em que estudamos, encontramos um mulher aparentando uns trinta ano. Acho que se conheciam muito bem porque se cumprimentaram calorosamente. Trocaram algumas palavras, inclusive elogios demasiados, o que me deixou muito enciumada. Não sabia que esse sentimento podia existir nesse momento dentro de mim, não havia razão, não tínhamos compromisso nenhum. Se despediram e as ultimas palavras parecia mais um convite insinuante para que fossem mais que amigos.
Perguntei impulsivamente se gostaria de namorá-la, apesar de terem idades tão diferentes. Foi então que me surpreendeu dizendo: - Acho que sim, os olhos lindos que eu queria que me olhassem não me olham, e me encarou insinuando definitivamente que esses olhos eram os meus. Senti vibrar todas as minhas emoções, ninguém nunca me havia feito, ou dito palavras tão cheias de emoção, carinho e uma ternura carente, que realmente me abalaram.
Passada a surpresa, acho que engoli tudo que eu queria dizer, porque o que eu retribuir foi apenas silêncio, um esboço de sorriso nos lábios e um imenso brilho no olhar de tanto contentamento.
Continuamos caminhando como se nada houvesse acontecido, quando eu racionalizando como sempre todas as possibilidades para não decepcionar e o que mais me parecia sensato dizer, eu falei, dizendo que talvez causasse sofrimento se crescesse o sentimento de amor entre nós e eu fosse embora em poucos dias.
Tive a resposta mais surpreendente que podia esperar. - - Eu prefiro ficar um minuto com você e te perder do que nunca haver estado.
Não havia retórica que contestasse aquela afirmação, e não pude mais resistir. Apenas esperava o momento em que nos entregaríamos num beijo apaixonado, porque de nós só transbordava paixão. Guardo a lembrança calorosa daquele beijo nítida em minha memória. Lembro que quando se aproximou de mim, eu inalei o seu cheio até o fim, para que aquela sensação ficasse viva o máximo de tempo.
Como era de se esperar, em poucos dias tinha que partir, tento não lembrar, ou melhor parece que se apagou da minha mente o dia em que nos despedíamos, não tivemos mais contato, não tivemos mais notícias.
Acho que assim foi melhor porque não nos enciumaríamos por saber que já havíamos encontrado outro amor e que éramos felizes que qualquer outro lugar em que estivéssemos vivendo, não por egoísmo, creio que mentalmente decidimos mutuamente que tivemos o maior amor do mundo, independente dos que viriam. Às vezes o amor não precisa ser eterno para que seja um grande amor, porque tudo pode acabar, mais o que passou nunca poderá ser apagado. Nunca haverá outro primeiro amor. O mais engraçado é que depois de muito tempo é que compartilharam seu primeiro amor.



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