Predadores
(Pepetela)
Trata-se de um romance - uma história romanceada, mais exatamente. Foi escrita por um homem que lutou para fazer de seu país, Angola, um ambiente mais justo e igualitário, um idealista. E que viu seus sonhos ruírem - ou está assistindo à sua ruína. Os Predadores, de Pepetela, conta a história de um oportunista, alguém que lutou na guerra de libertação do colonialismo português, que se engajou na guerra civil que devastou o país e os angolanos, que participou do poder político e tornou-se empresário próspero. Fez de tudo para se transformar naquilo que, para todos os efeitos, combateu - e conseguiu. A revanche de Pepetela é perceptível a cada página, com a ridicularização da personagem principal e com sua derrocada. Não que ele tenha empobrecido - permaneceu com uma fortuna guardada em paraísos fiscais - mas perdeu prestígio, poder, até o sonho que alimentou para seus filhos. É uma história triste. Não pela perda do tal homem, mas pela perda do ideal. E o que ocorre em Angola ocorre em muitos outros países, na África e algures. Nunca é fácil enfrentar o relato de histórias de decepção, encarar a dureza do mundo que ajudamos a construir e das pessoas em que nos transformamos. Mas Pepetela escreve com maestria, como sempre. Brinca com o escrever. Faz comentários sarcásticos. Conversa com o leitor. Assim, um livro pesado acaba se tornando de leitura fácil, corrente. Até que o conteúdo de suas 545 páginas caia como um tijolo em nossa consciência.
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