O GRUPO NA ADOLESCÊNCIA
(Paulo Alves)
O grupo, no início da adolescência, faz parte do processo de emancipação familiar, busca pela autonomia, além da identidade pessoal. Para os pais, isto é visto como uma ameaça à integridade física e psicológica de seus filhos, já que não têm mais o controle que antes possuíam sobre os procedimentos dos mesmos. Para os adolescentes o grupo representa o apoio que necessitam para a experiência social de ser, desempenho dos papéis sociais e, especialmente, o desafio para crescimento psicológico e emancipação da influência familiar. Trata-se de uma etapa elementar do desenvolvimento em direção à vida adulta e à autonomia afetiva. Concomitante a essas necessidades, os adolescentes precisam buscar a definição de si próprios e sentir que pertencem a determinado grupo. Estes são os principais motivos que fazem com que prefiram mais a companhia de amigos que a de familiares. Tudo o que a família interdita, o grupo permite: já que não puderam escolher os pais, compensam tal imposição, escolhendo o grupo ou amigo de sua predileção. O grupo ainda oferece a oportunidade de alargar seu círculo de influência, de simpatia, o inverso do que ele vivencia na família, já que esta, inconscientemente, opõe-se à sua entrada em meios que lhe sejam estranhos ou desconhecidos. Esse receio fundamenta-se, especialmente nos dias atuais, devido ao alto índice de acontecimentos desastrosos, e que estão diretamente relacionados com o tipo de grupo que o jovem se aliou. O que os pais desconhecem é que, em plena fase da busca pela autonomia, um grupo representa para seus filhos uma das formas de afirmação do eu, um refúgio para suas problemáticas essenciais, medos, angústias, já que todos são semelhantes e, juntando-se, tornam-se fortes, criando uma sociedade à imagem peculiar e típica da adolescência, sendo regida por seus próprios estatutos. Quando um jovem adere a um grupo, inicia seu processo de organização coletiva, permitindo a ele afirmar-se com toda segurança, tendo em vista que os demais membros pensam e sentem como ele. Com isso, sente-se mais livre para se exprimir livremente, semreceio de não ser compreendido, pois os valores são comuns a todos do grupo, prevalecendo a fidelidade e a lealdade, fatores estes que, sozinho, faz com que se sinta impotente frente ao mundo dos adultos. É dentro do grupo que encontra espaço para desenvolver seu ideal de eu com segurança, o que facilita sua auto-afirmação. Por outro lado, há o risco da alienação, se for incondicional a sua submissão ao ideal coletivo, pois o indivíduo renuncia a parte de si mesmo e ao desenvolvimento de sua autonomia. Em situações de conflito, porém, irá sempre buscar em outras pessoas, não familiares, seu ponto de apoio e tal desestabilização social pode conduzi-lo a processos de indisciplina e de violência. O adolescente sabe que, no grupo, pode dar vazão à sua agressividade pessoal, além de facilitar que ele coloque em prática seu imaginário aventuroso, suas frustrações e rebeldias. Daí a importância dos pais quanto à vigilância dos pares com os quais seus filhos convivem, identificando certos comportamentos prejudiciais ao desenvolvimento tanto da personalidade como do processo de socialização. Devem estar sempre reavaliando suas próprias relações familiares, especialmente as problemáticas, indutoras que são de desvios comportamentais graves. Em resumo, conclui-se que a responsabilidade pelos atos anti-sociais cometidos pelo adolescente, não depende apenas do grupo ao qual se integrou (grande queixa de pais de filhos tidos como problemáticos), mas, de um conjunto de fatores que condicionam a formação pessoal do adolescente, passando pelos diferentes tipos de relações desenvolvidas pelas famílias e como ela faz a intermediação da passagem dos adolescentes para o convívio social.
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