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Imprensa histérica, informação prejudicada – 11 de setembro
(Alexandre Monteiro Barboza)

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Alexandre Monteiro Barboza, Imprensa histérica, informação prejudicada – uma análise da cobertura carioca no 11 de setembro . Editora Armazém Digital, Rio de janeiro, 2005.

O livro é resultado de dois anos de pesquisas sobre a cobertura jornalística carioca diante do atentado de 11 de setembro de 2001 em Nova York, EUA, ao complexo empresarial Word Trade Center. Tais pesquisas focam dois dos principais jornais brasileiros - O Globo e Jornal do Brasil. Diversos depoimentos de profissionais de comunicação, sociólogos, cientistas políticos e jornalistas estão presentes na obra.

Composta em formato de reportagem. Procura descrever e ilustrar através de tais depoimentos as deficiências do jornalismo brasileiro naquela e em outras ocasiões. Afirma que estas utilizam-se em demasia dos serviços de agências internacionais de notícias ( no caso, americanas ) para a composição de suas edições. Resultando assim, em problemas como linearização da informação, transmitida apenas do prisma de tais agencias e tornando a informação incompleta, descontextualizada, influenciada pela mídia externa e possivelmente manipulada.

O autor divide a obra em três partes. Em primeiro momento uma retrospectiva da tragédia, suas consequências, detalhes sobre o atentado e informações não divulgadas pela imprensa. Na sequência, uma análise crítica das matérias publicadas pelos jornais no dia do atentado e dos editoriais contundentes ao código de ética do profissional em jornalismo. Na terceira parte profissionais de comunicação, jornalistas e sociólogos discorrem sobre a temática e sobre a postura da imprensa em relação ao fato ocorrido.
As três partes são amplamente regadas a comentários, algumas vezes opostos, de contrapontos argumentativos ou factuais. Durante considerável parte do tempo o autor procura manter-se imparcial apresentando diferentes prismas das situações. Contudo, os argumentos contrários a possível deficiência na cobertura jornalística em questão (tema central do livro), sejam sempre pouco conclusivos e de discurso sensivelmente conformista.

O livro se inicia através de um capítulo destinado a resumo e outro à introdução ao tema. Ambos utilizam-se de tópicos atrativos e forte dentro de uma escala de espetacularização, com o provável intuito de tornar o texto mais convidativo. O que é compreensível já que o título e a obra em si apoiam-se em assunto polemico. Os capítulos seguintes destinam-se a descrição do atentado e as reações imediatas da sociedade, economia e imprensa norte-americana, brasileira e mundial (qualificadas como “histeria”). O quase colapso dos sites de informação na internet que não suportaram o grande número de acessos e a espetacularização da notícia em função da falta de informação e de fontes de informação. Fato que é abordado como uma das causas dos veículos de comunicação brasileiros terem preferido as informações oficiais e agido como um espelho da imprensa norte-americana por meio, principalmente, das agências internacionais de notícias. Desde o apontamento dos suspeitos, prontamente promovidos a culpados, até a exibição incessante das imagens do atentado e de fotos de meia página nos jornais impressos, na tentativa de competir com os telejornais. Espaços usualmente destinados a informações, que neste caso não existiam ou não foram buscadas. É proeminente a incerteza do autor da necessidade das edições extraordinárias vinculadas sobre o assunto. E evidente, em sua ótica, o conteúdo deficiente nelas presente.

Após essa análise inicial o autor traça paralelos dessa ocasião com outras relacionadas em que a imprensa brasileira e mundial cometeu erros diversos. Como manipulação da informação, parcialidade, descontextualização e distorção dos fatos. Porém é interessante destacar especificamente a crítica voltada a imprensa nacional no primeiro momento após o ocorrido, em que as matérias produzidas em solo brasileiro baseavam-se essencialmente em comentários e análises de especialistas. Ficando assim, carentes de informações concretas. Interessante, pois esse erro é cometido também pelo autor do livro. Fica em segundo plano a informação concreta, que mesmo quando presente está relacionada ou inserida em comentários, opiniões e argumentos dos entrevistados. Entretanto esse erro se configura em poucas consequências tratando-se de credibilidade, já que é possível encontrar a cada página, inúmeros marcadores que se referem a fontes de pesquisa e de informação (ao final do livro)

Finalmente é apresentada uma análise dos fatos discorridos através de declarações e opiniões diversas e diversificadas de jornalistas e correspondentes. Este capítulo funciona como tese de adesão para a conclusão que vem em seguida.

O autor conclui que a imprensa se mostrou deficiente na cobertura no 11 de setembro em todas a suas esferas. Limitando-se ao factual. Relata a falta de consistência nas informações, “(...) recheadas de depoimentos de personalidades e intelectuais aterrorizados com as imagens transmitidas (...)”. A parcialidade das notícias apresentadas, omitindo fatos históricos das partes envolvidas, que influenciariam crucialmente a opinião do leitor. E traz a tona perguntas até hoje não respondidas sobre o acontecido. Durante a conclusão são elucidados de maneira superficial alguns desses fatos históricos e outros politico-sociais como interesses ideológicos e manipulação de informações. No ultimo parágrafo do livro é feita uma previsão fatalista do futuro do jornal impresso caso não mudem as atitudes de seus colaboradores. Nesse ultimo capítulo é possível identificar traços de discursos anti-americanos que se mostram em partes dos argumentos propostos.



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