Introdução à Retórica (3)
(Olivier Reboul)
O capítulo de número oito apresenta um aprofundamento da análise retórica, pautado na identificação e análise dos tipos de argumnetos empregados em um texto. Nesta parte o autor discute a maneira como as figuras argumentativas e os tipos de argumentos constituem os principais mecanismos para a compreensão dos diferentes gêneros de texto. Merece especial menção o que o autor coloca sobre o mote central de um texto: “[...] figura ou argumento que serve de princípio organizador para o texto [...] encontrando-o, encontramos a unidade viva do discurso (p. 158)”. Assim, segue Reboul trazendo alguns exemplos de textos construídos a partir de diferentes figuras argumentativas, encerrando o capítulo de modo a chamar a atenção para o que o sucede, no qual fornece exemplos de leitura retórica de textos.
O nono capítulo consiste em exemplos de aplicação do método de análise retórica proposto pelo autor. Neste sentido, é interessante destacar o modo como o autor exemplifica sua técnica de análise retórica, examinando diversos tipos de texto e argumento, os quais vão, desde um comercial de televisão, até obras de filosofia. Por fim, retoma a questão do sistema retórico e coloca seus acréscimos, os quais compõem três regras: “fazer perguntas ao texto [...] indagar o conjunto do texto [...] buscar o vínculo entre o argumentativo e o oratório (p. 195)”. Ao encerrar seu livro (já nas conclusões), o autor conclui dizendo que o estudo da retórica deve ser retomado como uma forma de dialogar com o texto, e que a retórica, apesar de produzir um tipo de discurso sem raízes muito profundas, ainda assim é um tipo de conhecimento válido, especialmente na sociedade contemporânea, a qual está imersa em toda uma gama de discursos persuasivos.
Este é um livro que, sem nenhuma sombra de dúvida, apesar de ter sido produzido tendo em vista outras áreas de conhecimento (segundo o autor, este livro se dedica ao Direito, à Filosofia e à Comunicação Social), ainda assim traz algumas contribuições importantes para a área de Educação. Dentre tais contribuições, duas podem ser destacadas: a) a retórica como apoio à prática docente; b) a organização dos argumentos como uma espécie de pedagogia da clareza.
Em relação à primeira destas contribuições, é correto dizer que um dos elementos primordiais da prática da docência é o conhecimento dos alunos a quem o professor irá se dirigir nas aulas. Desat maneira, a noção de que cada auditório deve ser atingido a partir de suas disposições, é um elemento perseguido por muitos professores quando estão diante desuas turmas e procuram estratégias para motivá-las ou, que as levem em direção aos objetivos propostos. Desta maneira, é possível entender a retórica como um elemnto auxiliar da prática docente, na medida em que uma das formas de atingir as turmas é justamente esta, a de conciliar os objetivos do docente às disposições das turmas. E, ao que tudo indica, a retórica é uma das formas de obter este conhecimento.
No tocante à segunda das contribuições mencionadas, é possível perceber, mediante a leitura do livro, que o modelo de organização dos argumentos e de montagem do sistema retórico é um importante subsídio para o planejamento das aulas, dissertações e/ou palestras, o que constitui o que podemos chamar de “uma pedagogia da clareza”, ou seja, mediante o aprendizado possibilitado pelo livro, no sentido de compor argumentos claros e facilmente identificáveis pelos interlocutores, temos aí mais uma maneira de trabalhar a relação eu-outro, a qual caracteriza os processos de ensino-aprendizagem formais, pois quanto mais claras forem as noções presentes nos conteúdos a serem transmitidos pelo professor, maiores as possibilidades de que os alunos os compreendam e possam se apropriar dos mesmos. Por último, cabe ressaltar que a partir da leitura deste livro é possível explorar de maneira oportuna as interfaces entre educação e filosofia, bem como entre educação e teoria do discurso.
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