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Yoga Sutras
(Patanjali)

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Os Sutras do Yoga são um texto apenas 196 frases, escritas em língua sânscrita, distribuídas em quatro capítulos, que resumem a essência doutrinária do yoga.

Primeiro Capítulo
Introduz o conceito de "samadhi", que é a condição mental recomendada para quem deseja realizar o yoga. O yoga é definido como o recolhimento das atividades mentais de modo que o eu possa se manifestar em sua "natureza autêntica" ("svarupam"). As duas condições essenciais para o yoga são disciplina e desapego - sem as quais não se obtém resultado. Para que o praticante possa aferir se está na condição do samadhi ou mesmo próximo dela, o autor sugere que se observe uma condição mental, chamada "samprajñata", que surge sempre que atinge o samadhi. Esse indicador de sucesso é descrito de várias maneiras, inclusive como resultado da entrega a "Ishvara" (entendido como Deus na forma do "eu" dentro de nós). O autor informa que a realização do Ishvara coloca a mente em condições adequadas para o yoga e elimina os obstáculos, e em seguida descreve o processo de tranquilização da mente, que pode ser cultivado gradativamente até que se alcance o samadhi - ele chama isso de "samadhi com semente". Mas ele também informa que se pode obter esse estado instantaneamente, com a prática, o que ele chama de "samadhi sem semente". Então a mente fica perfeitamente focada e apta para o yoga.

Segundo Capítulo
Apresenta o método proposto para a prática do yoga, distribuido em oito categorias de atividades, e que ficou conhecido como "ashtanga yoga" (o yoga de oito partes). Inicialmente o autor destaca que a realização do yoga se resume a três componentes básicos, que são o "tapas" (austeridade), o conhecimento de si mesmo e a entrega ao Ishvara (o Deus interno). Esses componentes produzem o samadhi e minimizam as perturbações mentais (ignorância, egoidade, desejo, aversão e apego à vida) e mantendo a mente focada (dhyana) se destrói a ação dessas perturbações. A seguir o autor desenvolve a idéia de que tudo o que existe é apenas o produto de nossa mente, e que o que percebemos é apenas o produto de nossas convicções. Se percebemos a presença de nosso próprio "eu" no mundo à nossa volta, entendemos que aquilo que dá sentido ao mundo é o "si mesmo" que está dentro de nós. Assim o sentimento que separa o "eu" do "outro" se dissipa, e também desaparece o vínculo que une o percebedor com a coisa percebida, pois ambos são iguais. E isso é o kaivalyam. Depois dessa explicação, Patañjali prossegue descrevendo os componentes de seu método: "yama", orientações para a relação com os outros; "niyama", orientação para a relação consigo mesmo; "asana", o assentamento do corpo; "pranayama", o controle sobre a vitalidade; "pratyahara", o recolhimento dos sentidos corporais; "dharana", a concentração; "dhyana", a estabilidade na concentração; e "samadhi", que é o mergulho no si mesmo, tratado no capítulo anterior.

Terceiro Capítulo
Descreve os resultados da prática da meditação ("samyama") aplicada a diversos objetos ou idéias.  Samyama é a combinação de dharana, dhyana e samadhi. Essa meditação produz transformções na mente ("cittam"), ou seja, na nossa maneira de observar o mundo. Os resultados da meditação são descritos como conhecimentos ou capacidades especiais. A percepção desses resultados, em estado de samadhi, equivale à vivência real de seu significado, de modo que o praticante do yoga passa a ser visto como alguém dotado de "poderes mágicos". Cerca de trinta desses "poderes", entre conhecimentos e habilidades, são enunciados por Patañjali neste capítulo.

Quarto Capítulo
Descreve a meta desejada pelo yoga, que é chamada "kaivalyam", uma condição na qual ocorre a perfeita integração entre o praticante e o universo ao seu redor, na qual ambos se tornam um só. Para chegar ao kaivalyam, o autor desenvolve os conceitos já apresentados nos três capítulos anteriores sobre a identidade entre o "eu" e o "objeto", mas aborda o assunto pela perspectiva do processo mental de cognição. Os resultados enunciados no capítulo 3 correspondem a transformações de cittam (que é a mente enquanto instrumento de percepção). Agora ele deixa claro que embora a mente pareça se multiplicar em razão das diversas transformações pelas quais ela passa, apenas uma única forma de cittam é aquela capaz de realizar o yoga (interrompendo o impulso das atividades mentais). Essa forma (que foi chamada de "svarupam" no capítulo 1) é onde se localiza a mente verdadeira. Essa mente não está limitada à série dos pensamentos, nem é afetada pelo tempo, e é indiferente às mudanças, pois não se subordina às qualidades da matéria. Essa mente jamais se divide, nem também se expressa, pois é pura percepção. Buscando nas percepções apenas aquilo que é distintivo, e não o que é genérico, e ficando atento para que a mente não seja novamente arrastada pelas perturbações tratadas no capítulo 2, o yogi alcança uma percepção tão completa que nada mais resta para ser percebido. As transformações se encerram e o tempo deixa de existir, pois todos os momentos se integram em um só. Nesse estado o yogi deixa de ser um indivíduo e se torna a pura percepção desvinculada de qualquer estrutura. Esse é o Kaivalyam, "o isolamento", onde tudo o que existe já faz parte do "eu" e nada mais existe para ser conhecido.

Essa obra se tornou a referência básica do yoga em qualquer escola, interpretação ou linhagem que tenha surgido depois de sua composição.



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