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O Alienista
(Machado de Assis)

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            Doutor Simão Bacamarte, estudioso da saúde humana, em cursos na Europa, volta ao Brasil e faz de Itaguaí seu universo de pesquisa, e da mente humana seu mais nobre exercício.
            Casou-se com D. Evarista, e para tal levou em consideração aspectos fisiológicos da mulher para ter filhos sadios e inteligentes. Não era bonita, o que era vantagem pois se o fosse o distrairia em seus estudos. Porém, depois de alguns anos continua sem filhos. Continua  seus estudos.
            Convence aos políticos da cidade um fundo para a criação de um hospício. Idéia inédita a de pôr considerados doentes mentais em um mesmo lugar, uma mesma casa, que foi chamada de Casa Verde.
            Por critérios pessoais, mas ao seu ver científicos, causa uma espécie de comoção na cidade. Entre outras internações,de regiões vizinhas, acaba internando um homem por ter feito caridade com a fortuna, que herdara, mas que já não tinha nada; uma parente deste senhor; um homem que ficava a flertar olhando fixamente sua bela residência, e observado observando. Depois mais de trinta pessoas.
            Em torno do barbeiro da cidade, conhecido por canjica, algumas centenas de pessoas saem em protesto até a Câmara Municipal, exigindo o fim da Casa Verde.
            Continuam até a casa do médico. Encontrando-o sereno.
            Um corpo de dragões, que deveriam deter os canjicas, acaba por ser juntar ao barbeiro, que destitui a Câmara, e toma o poder da vila.
            De forma espantosa o barbeiro, Porfírio, tenta fazer um acordo com Bacamarte, devido à natureza científica do caso. Não haveria necessidade de fechar a Casa Verde, mas que apenas fossem libertados os sãos, e os menos graves.
            Ocorre que em cinco dias o médico interna cinqüenta aclamadores do novo governo. O que causa uma baixa na popularidade de Porfírio, e traz à luz um seu rival, Pina, um outro barbeiro.
            Uma força mandada pelo vice-rei restabelece  a ordem.
            Bacamarte , então com alto prestígio da Câmara, continua a internar quase todas as pessoas da vila, quatro quintos da população, culminando com a internação da própria mulher.
            Ao analisar os procedimentos de internação, Bacamarte reconhece que sua teoria estava errada. Deu alta a todos os internos da Casa Verde, e chegou a conclusão que só era realmente louco quem fosse totalmente equilibrado.
            A nova terapêutica consistia em classificar as pessoas em função de sua característica predominante, e tratá-la colocando-os em contato com o inverso de tal característica.
            Em cinco meses todos foram curados, reconhecidas variações de desequilíbrio mental.
            O médico ficou intrigado com a idéia de não mais haver loucos em Itaguaí.
            Após uma reflexão prolongada, e a ajuda de uma assembléia de pessoas da vila, concluiu que, de acordo com seu próprio método, era ele o único louco, pois perfeitamente são.
            Fechou-se à Casa Verde tentando curar-se. Alguns dizem que morreu em dezessete meses, sem encontrar a cura.                         



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