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A Cartomante
(Machado de Assis)

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            Rita recorreu a casa de uma cartomante, na Rua da Guarda Velha, devido a sua insegurança com relação a Camilo. Queira saber se ele a amava. O que lhe assegurou a cartomante, e impressionou Rita, inclusive por ter adivinhando sua inquietação. Camilo cético talvez como reação ao que sua mãe ensinou-lhe nos tempos de criança sobre religião. Riu-se de Rita. Preocupou-se também com a possibilidade de que Vilela a visse. Rita garantiu-lhe que não havia ninguém na rua. Encontravam-se na Rua dos Barbonos, em casa de uma comprovinciana  de Rita.
            Vilela era amigo de infância de Camilo, casou-se com Rita. Após exercer a magistratura durante algum tempo abriu banca de advogado, e mudou-se para Botafogo.
            A morte da mãe de Camilo aproximou-o ainda mais do casal, enquanto Vilela tratava do enterro, Rita tratava do seu coração, e ninguém poderia ter feito de melhor maneira.
            Embora a confiança de Vilela continuasse inabalável, o amor entre os dois floresceu como uma força da natureza.
            Camilo recebeu uma carta anônima. Dizia que o caso amoroso era sabido por todos. Ficou muito preocupado e começou a rarear as visitas a casa de Vilela, que a notou e interrogou-o sobre o fato. Aquele disse que era uma simples paixão de rapaz. Dessa forma, a distância, fazia-lo sentir menor o peso na consciência. Foi esta separação temporária que levou Rita à cartomante – que lhe restituiu a confiança. Passaram-se mais algumas semanas, e outras cartas chegaram, tão apaixonadas que fez Rita achar que era despeito de algum outro pretendente: “ – a virtude é preguiçosa e avara, não gasta tempo nem papel; só o interesse é ativo e pródigo ”. Mesmo com esta possibilidade Camilo não se acalmou. Tinha medo das cartas chegarem a Vilela. Rita sugeriu que Camilo voltasse a freqüentar sua casa, mas ele disse que tal ato àquela altura seria confirmar uma possível dúvida de Vilela sobre ambos.
            No dia seguinte, Camilo recebeu, na repartição, um bilhete de Vilela: “ Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora ”. Era mais de meio-dia, teria sido mais adequado chamá-lo ao escritório, e mesmo que fosse apenas impressão, pareceu-lhe ver a letra do bilhete tremida. Imaginou Rita chorando, e Vilela esperando-o para matá-lo. Camilo estremeceu.
            Muito preocupado foi andando na direção do Largo da Carioca, para de lá pegar um tílburi, e ir para a casa do Vilela.
            Quase no fim da Rua da Velha Guarda, teve de parar por estar a rua bloqueada com a queda de uma carroça. Camilo percebeu que estava ao lado da casa da cartomante. Sentiu-se profundamente atraído pela incerteza das razões do bilhete, e resolveu consultar a vidente.
            A cartomante o fez sentar-se, de tal forma que a pouca luz que entrava o iluminava o rosto. Disse a Camilo que o que o levou a ela fora um susto, o que se confirmou. Disse-lhe que a dúvida era se lhe aconteceria algo. Na mesma hora ele falou: a mim e a ela. Pois nada acontecerá a vocês, pode ficar tranqüilo, e ir em paz. Sem saber como pagá-la, e vendo que agora, depois da sessão, ela comia um prato com passas, falou-lhe que passas custavam dinheiro, e quanto ela as mandaria buscar. A cartomante falou que era ele quem saberia o valor. Pois Camilo tirou uma nota de dez mil-réis. A cartomante não conteve o olhar. O preço usual era dois mil-reis. E disse-lhe: “ Vejo que o senhor gosta muito dela. Vá, vá tranqüilo... ”.
            Na rua, agora, tudo parecia diferente, ora se a mulher adivinhara o objeto da consulta, o estado dele, a existência de um terceiro; por que não adivinharia tudo por completo. O céu estava claro, as caras das pessoas leves. Ao passar pela Glória, a vista lhe dava uma idéia de abrangência, de um futuro largo.
            Chegou a casa do Vilela. Passou pela porta de ferro do jardim. Silêncio. Subiu os degraus de pedra e, mal bateu à porta, abriu-se, e apareceu Vilela.
        -  Desculpe pela demora. O que há?
            Vilela não respondeu. Feição estranha, e levou-o para uma pequena sala interior.
            Ao entrar Camilo se tomou de pânico: um grave grito de terror.
            Sobre o canapé, Rita morta e sangue.
            Vilela ergueu-lhe pela gola da camisa, e com dois tiros de revólver, deixou-lhe cair ao chão.



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