Quimera
(VALERIO MASSIMO MANFREDI)
Este romance de Valerio Massimo Manfredi cativa o leitor desde a primeira à última página pela originalidade do tema e pela simplicidade da acção.
Fabrizio Castellani, um jovem arqueólogo, vai para Volterra, com o objectivo de estudar a enigmática estátua etrusca de uma criança, a Ombra della sera, na qual descobrira, através de raios-X, a sombra de um objecto oblongo à altura do fígado.
De repente, a meio da primeira noite de trabalho, Fabrizio recebe um telefonema anónimo e ameaçador, ordenando-lhe que deixe a criança e paz.
É então que, subitamente, o jovem se vê implicado numa trama bem mais complexa e perigosa, envolvendo uma maldição que desperta cerca de vinte e cinco séculos depois para espalhar o terror na noite da pacata Volterra.
Tudo desponta com o assalto a um sepulcro no Rovaio, quando, depois de um uivo lancinante, um dos assaltantes aparece assassinado de forma brutal, como se tivesse sido atacado por uma besta infernal.
O superintendente regional Nicola Ballestra, que deixara temporária e misteriosamente o seu lugar em Florença, pede a Fabrizio que efectue pessoalmente as escavações do sepulcro, aparentemente inviolado. Apesar de estranhar o excessivo voto de confiança, o arqueólogo procede à investigação. No interior do sepulcro apenas se encontra um cenotáfio sem nome de uma figura feminina extremamente bela e jovem com o olhar pousado noutro sarcófago nu e sem decoração. No chão distinguem-se marcas de umas garras enormes cravadas no chão. Perturbado com este cenário, Fabrizio procede à abertura do sarcófago e descobre a primeira prova arqueológica de um phersu, um terrível ritual etrusco em que um homem, com a cabeça tapada por um saco e uma mão atada, deve provar a sua inocência derrotando uma fera, caso contrário, o seu cadáver será sepultado com a fera viva, que assim o devorará eternamente. O amontoado de ossos revela a violência desta luta desigual, entrevendo-se um esqueleto de um animal monstruosamente grande.
Perturbado com a descoberta, o arqueólogo solicita a ajuda de uma amiga, a investigadora Sónia Vitali, especialista em paleozoologia, que terá a difícil missão de separar os ossos do homem e do animal e determinar a espécie da fera.
Á medida que a investigação prossegue, Fabrizio começa a interligar os acontecimentos recentes e nota que existe uma estranha inter-relação entre eles. Quase involuntariamente, o jovem arqueólogo compromete-se a desvendar o que se assemelha a um terrível mistério. Para tal conta com a inspectora Fracesca Dionisi, com quem vai desenvolvendo uma forte ligação sentimental, e o tenente dos Carabinieri, Marcello Reggiani.
A onda de crimes hediondos parece não cessar e a besta sanguinária vai semeando um clima de terror. Fabrizio começa a relacionar os telefonemas anónimos que recebe antes de a fera atacar com as luzes que avista, após os crimes, nos subterrâneos do palácio dos príncipes Caretti Riccardi, desabitado há mais de quarenta anos, exceptuando por um breve período em que o último proprietário, o excêntrico conde Jacopo Ghirardini, ali residira, quatro ou cinco anos antes, antes de desaparecer subitamente.
Convencidos de que a solução do mistério requer a investigação de ambos os factos, Farizio, Francesca e Reggiani reúnem esforços. Francesca consegue fotografar o Painel e, à medida que Fabrizio o vai decifrando, vai-se esboçando a trama que deu origem a todo este mistério.
Há vinte e cinco séculos, o senhor de Velathri, Lars Thyrrens, apaixonado por Anait, armara uma cilada ao seu esposo, o valente guerreiro Lars Turm Kaiknas. Numa noite de comemoração, Thyrrens planeia possuir Anait, mas, ao ver-se surpreendido pelo filho desta, o pequeno Velies, acaba por assassinar ambos e culpar Turm pelo duplo homicídio. Assim, o guerreiro é condenado ao ritual do phersu para provar a sua inocência, mas acaba por morrer às mãos da fera. Aule Tarchna, irmã de Anait, manda esculpir uma estátua em bronze espelhando o sofrimento do pequeno Velies e, inconformada com a maldade de Thyrrens, grava sete maldições numa pedra, que ficará conhecida como o Painel de Volterra, prometendo uma onda de vingança.
No meio de todo este enredo, Fabrizio conhece uma criança com uma estranha marca à altura do fígado, tal como o menino da estátua de bronze. Diz chamar-se Ângelo e pede-lhe abrigo, por temer a ira da sua malvada madrinha. Contudo, a criança acaba por desaparecer tão misteriosamente como aparecera.
Entretanto, Reggiani descobre a proveniência dos telefonemas anónimos. A voz feminina pertence a Ambra Reiter, uma médium que trabalhou no Palácio para o conde Jacopo. Mais tarde descobrirão que está envolvida no roubo do Painel e implicada no rapto de Ângelo, de quem se diz madrinha.
Fabrizio e Francesca decidem inspeccionar os subterrâneos do Palácio e acabam por se encontrar frente a frente com a quimera. Mas, a sua ira é travada por Ângelo, que à noite aí vagueia e a quem a fera parece obedecer. Agora com a ajuda de Ângelo, os dois investigadores acabam por descobrir que nos subterrâneos do palácio se encontra a necrópole Kaiknas e que a ira só cessará quando o homem se separar da fera. Essa tarefa caberá a Sónia, que a consegue cumprir no último instante.
Depois de uma série de situações limite, a calma é restituída a Volterra e Turm Kaiknas pode descansar finalmente em paz, junto de Anait.
No final do romance, tudo parece não ter passado de um sonho, mas a enigmática proveniência daquela frágil criança subsiste. Seria Ângelo o menino raptado ou seria Velies, o menino da estátua de bronze?
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