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História das Ideias Políticas
(Diogo Freitas do Amaral)

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Platão e as primeiras ideias comunistas
Embora tenha nascido em Atenas, Platão (séculos V e IV a.C.) apresentou forte simpatia por Esparta, nomeadamente por ter presenciado o julgamento e assistido à morte de Sócrates, considerado por ele como “o melhor e mais sábio dos homens”. Impulsionado pelo sentimento de revolta, começou a desprezar Atenas e foi viver para Esparta, onde desenvolveu algumas ideias que se perfilam como fundamentais no âmbito da História das Ideias Políticas.
Platão foi o primeiro grande pensador a avançar com o modelo daquilo que seria, no seu entender, uma sociedade ideal, atacando aqueles que considera serem os grandes males da sociedade coeva - a família e a propriedade privada.
Propôs a abolição da propriedade privada, - pois entendia que o património individual tornava as pessoas egoístas, por fazer com que se preocupassem primeiramente com aquilo que lhes pertencia, descurando assim a preocupação com o bem geral da comunidade - do casamento e da família tradicionalmente concebida. Tornou-se favorável à igualdade entre os sexos, numa sociedade que deveria direccionar os seus elementos num objectivo comum, evitando assim o egoísmo das sociedades multifacetadas. As uniões teriam por base um sorteio organizado pelos governantes/magistrados, e que seria, em determinadas alturas, engenhosamente determinado pelos mesmos, para que do resultado dessas uniões emergisse um conjunto de pessoas dotadas de melhores características, tendo em vista uma espécie de “aprimoramento da raça”, e, por conseguinte, mais um passo em frente no objectivo da sociedade ideal. As crianças que nascessem deformadas ou fora do esquema por ele proposto, seriam abandonadas às portas da cidade e deixadas à sua sorte.
Outro aspecto fundamental no pensamento platónico foi a importância dada à educação. Ele propunha que as crianças fossem retiradas às mães aquando do seu nascimento, e seriam entregues a amas. Ao longo da sua infância, seriam os magistrados a ficar encarregues de escolher as fábulas para serem lidas pelas amas às crianças. Platão defendia um modelo educativo que privilegiasse um acompanhamento dedicado e constante às crianças, de forma a que se estudasse o desenvolvimento das aptidões naturais das mesmas, e para que os magistrados tivessem uma ideia mais precisa das suas reais capacidades. Para tal, estariam previstas fases de ginástica e de música, para que as crianças experimentassem novas emoções, e mais tarde estaria prevista nova fase, mas que incidisse sobre as artes militares e as ciências, tendo em vista a integração nas três classes sociais avançadas pelo filósofo. 
Estaria então estabelecido que aos 30 anos aqueles que fossem os melhores de entre os guerreiros seriam educados com base na arte do diálogo e da filosofia, com vista à magistratura que seria atingida aos 50 anos de idade após serem superadas todas as provas. Deste modo, triunfaria, no entender de Platão, aquilo que ele designava como a sofiocracia, o governo da sabedoria, e o melhor de entre os filósofos seria considerado o “Rei-filósofo”.
Platão concebeu três moldes de classes sociais, tendo por base a célebre “teoria dos metais”, segundo a qual cada pessoa possui na sua alma um metal colocado por Deus. Nalgumas esse metal seria o ferro ou o bronze, e nesse caso a pessoa estaria destinada a pertencer à classe dos artesãos/artífices (seriam os trabalhadores, cuja principal função consistia em assegurar os bens e o sustento da cidade), noutras pessoas seria a prata, e pertenceriam portanto à classe dos guardas/militares (cuja função seria a proteger e defender a cidade), e, finalmente, teríamos um restrito grupo de pessoas cuja alma seria caracterizada pelo ouro, pertencendo tais elementos à classe mais importante, a dos magistrados/governantes, à qual as outras duas estariam subordinadas (a função dos governantes seria, logicamente, a de colocar a sabedoria ao serviço do governo da cidade).
A teoria dos metais seria um dos critérios para seleccionar os cidadãos para as classes propostas por Platão, todavia, esse “metal” seria apurado, não por hereditariedade, mas pelo sistema educacional imposto pelos magistrados que faria sobressair as inclinações naturais de cada um.

Outro grande contributo de Platão para a História das Ideias Políticas prende-se com a sua tipologia das formas de Governo. O filósofo projecta os seguintes modelos:
- monarquia - podia ser uma sofiocracia (descrita como a forma de Governo da Cidade Ideal, assente na sabedoria e exercida pelo Rei-filósofo), ou  uma tirania (e neste caso o poder absoluto assentava num só homem de cariz violento, e desprovido das luzes da filosofia);
- oligarquia - podia ser uma timocracia (e nesse caso o poder estaria assente na classe dos guardas, aca-bando por se instalar o predomínio da força sobre a sabedoria), ou podia ser também uma plutocracia (descrita como o governo dos ricos, voltados para os seus interesses pessoais);
- um modelo democrático, embora apreciasse pouco a democracia, pois entendia que as grandes massas e multidões são incapazes de, no seu todo, possuir a Razão e a Sabedoria necessárias para o governo da cidade.
No entender deste pensador, a melhor forma de Governo seria a sofiocracia, no entanto, também considera que as formas de governo não são imutáveis, na medida em que evoluiriam consoante as circunstâncias. Ele dá inclusivamente como assente uma espécie de ciclo em termos governamentais, que se iniciaria com a sofiocracia, passaria para a timocracia e posteriormente à oligarquia, dando esta lugar à democracia e o governo democrático, devido às suas vicissitudes, culminaria numa tirania. A tirania seria uma espécie de culminar esta espécie de ciclo governamental, dando origem a novo ciclo que se iniciaria novamente com a sofiocracia.



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