Brás, Bexiga e Barra Funda
(Alcântara Machado)
O s doze contos que compõem "Brás, Bexiga e Barra Funda" traçam imagens da convivência dos imigrantes italianos na terra que os recebeu; a efervescente São Paulo do início do século XX, reflete os choques culturais, as mudanças provocados pelas situações cotidianas que revelam os sonhos, as dificuldades, os confrontos e o árduo trabalho de personagens comuns em uma metrópole em transformação. Alcântara Machado utiliza em sua ficção o olhar clínico do repórter, que consagra o estilo jornalístico como referência-mor em alguns de seus melhores contos. O conto funde-se com a crônica, construindo passagens na qual a linguagem coloquial preenche os diálogos, dando aos textos a verossimilhança cabível a um escritor que domina com segurança o discurso indireto livre. Não há excessos, o que sobressaí são os retratos enxutos e naturais de pessoas que se descobrem, e descortinam um novo modo de vida em uma nação distante a da língua materna.
Publicado em 1927, o livro de Alcântara Machado possui personagens que se tornaram célebres na literatura brasileira: Gaetaninho, Carmela, Miquelina, entre outros. O conto "O Monstro de Rodas" é um exemplo ímpar de poder de sugestão, da dor, do sofrimento (e, também da apatia e falta de sensibilidade) que uma tragédia pode ocasionar.
Alcântara Machado mostrou uma nacionalidade que emergia, um Brasil que caminhava com suas distintas etnias - a esperança, o amor, a violência, a ganância, a sedução, o devaneio, todas as peculiaridades e personalidades que formam um gigantesco mundo de populações que conflituam e coadunam com humor, sangue e verdade.
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