Por Que Há Tanta Insubordinação e Violência na Escola???
(Luzia Aparecida Falcão Costa)
Não há mais dúvida! Tanto os professores em geral, como os pesquisadores focados no contexto escolar, chegaram à conclusão de que a indisciplina tornou-se um dos principais fatores responsáveis pela deterioração do processo de aprendizagem, fonte geradora de graves conflitos existentes entre alunos e, ultimamente, entre alunos/professores. Como se tem noticiado, professores têm sido alvo de diversos tipos de atos violentos, sendo seus próprios alunos os agressores. A que ponto essa instituição chamada escola chegou!!! Seus professores, além de mal remunerados, despreparados para enfrentar esse novo tipo de aluno, também se tornaram agora “saco de pancada” de crianças, adolescentes e jovens, que sempre são reconhecidos como “rebeldes sem causa”? Isso é um absurdo!!! Porém... tais atitudes inconvenientes têm que ser analisadas e avaliadas sob diferentes prismas. Já faz um bom tempo que se vem comentando a respeito da grave crise educacional (que, pelo que se observa, atingiu seu ápice), cuja origem pode ser encontrada na tão propalada ausência de limites e valores na formação dos indivíduos que compõem a nova geração. Obviamente, trata-se de um fator que deve ser melhor explorado, esclarecido e trabalhado junto às famílias em geral, seja a que classe social elas pertençam, tendo em vista que a violência familiar e social tornou-se um fato corriqueiro nos dias atuais. Na verdade, todos os encarregados pela educação formal ou informal têm que “dar a mão à palmatória” e entender que as crianças e jovens atuais são as principais vítimas de uma séria desestruturação que se inicia dentro da própria família, passa pelo contexto social e pela decadência do verdadeiro sentido do que venha a ser humanidade. No entanto, é preciso que se entenda, definitivamente, que a indisciplina, não é inata e, sim, resultante de vários fatores e diferentes influências degenerativas hoje presentes no ambiente sociocultural em que o indivíduo se desenvolve. Já não existe mais aquele modelo de família nuclear que vigorava até poucas décadas atrás e as relações sociais passaram por mudanças substanciais, especialmente com a entrada da mídia televisiva na maioria dos lares e o surgimento da comunicação interativa via Internet. Portanto, todas as pessoas e instituições tidas como educadoras, sem exceção, devem ser “convocadas” para começar, imediatamente, a repensar suas atuações para que se possa reverter esse quadro de insubordinação e violência que se incorporou na maioria dos indivíduos que faz parte das novas gerações que estão surgindo, incluindo-se aí a escola, em função do status conquistado por ser uma instituição que tem como objetivo principal formar crianças e jovens para que saibam como enfrentar as problemáticas futuras. Certamente, ela e todos os profissionais do ensino têm muito a ver com essa crise de insubordinação ora reinante, mas não devem ser responsabilizados exclusivamente pelas falhas que cometem. Não se percebe nenhum esboço de preocupação por parte da grande maioria dos governantes em lhes oferecer a devida capacitação para que possam vir a reformular o trabalho educativo e suas práticas pedagógicas, e isso tem acarretado o aumento do desprezo pelo ensino e pela instituição escolar, que se transformou em um local ideal para que grandes conflitos venham a ocorrer. É importante ressaltar também, a distância que ainda se perpetua na relação educador/aluno, impedindo que seja estabelecido entre eles um diálogo aberto, leal e sincero. Como se sabe, em um local em que o autoritarismo impera, não há como estabelecer um clima harmônico nas relações interpessoais, pois só prevalece a obediência a regras que não foram discutidas e nem elaboradas conjuntamente
. Nada mais óbvio, pois, que a escola continue sendo vista e considerada pelos educandos, como mais uma instituição castradora do desenvolvimento do processo de autonomia, já que o que é imposto, na maioria dos casos, nem sempre encontra respaldo nas expectativas e necessidades individuais e coletivas. Essa ausência de participação na elaboração do código de ética e moralidade da escola impede que os alunos exponham suas idéias e reivindicações, o estabelecimento de um debate aberto sobre o real significado e importância do desenvolvimento de sentimentos e valores que envolvam o respeito ao diferente, os princípios de igualdade, fraternidade, cooperação e reciprocidade. Sem que isso ocorra, fica difícil fazer com que crianças e jovens compreendam que limites e regras não devem ser interpretados apenas no sentido negativo, como instrumentos castradores de vontades e necessidades individuais, mas como um bem necessário para que se possa estabelecer um ambiente fraterno e de saudável convivência. Deduz-se, pois, que o problema da insubordinação deve ser encarado e enfrentado por todos que se sentem impotentes frente a ele, lembrando sempre que, fundamentalmente, novas formas de interrelações pessoais precisam ser estabelecidas, baseadas nos princípios democráticos, dialógicos e não mais restritas à incondicional e obsoleta idéia de obediência, sem fundamentação lógica. A indisciplina na escola não deve ser temida, mas entendida dentro da perspectiva de que o ensino, a forma de fazer com que os alunos aprendam, necessita passar por profundas mudanças e que a insubordinação na sala de aula depende muito da forma como as relações interpessoais nela acontecem. Definitivamente, é necessário compreender que não se educa e nem se consegue mais conquistar uma criança ou um adolescente utilizando-se de um autoritarismo totalmente decadente. Mais importante é procurar interagir com os mesmos, capturá-los através de demonstrações de afetividade (tão ausente nos tempos atuais), fazendo uso constante do diálogo, incentivando o exercício do respeito mútuo e, especialmente, ao diferente.
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