Falando de Ética na Política...
(Diego Coletti Oliva)
Artigo publicado originalmente na Folha de Casa Branca em 11 de setembro de 2008.
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Falar sobre ética hoje em dia está na moda, e ao contrário do que parece não é tão fácil assim adotar e assumir uma posição realista sobre o que ou quem está errado no fim da história.
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É um fato que a razão ética como estávamos acostumados entrou em colapso, o bem coletivo está definitivamente fora de moda, quanto mais o altruísmo e a cooperação mútua.
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Vivemos em um momento onde impera o individualismo e o sucesso pessoal acima de tudo. Os médicos tratam primeiro quem paga melhor, os jornalistas vendem a “verdade” que lhes for mais lucrativa, os empresários buscam cada vez mais e mais lucro e assim a sociedade acompanha o movimento do dinheiro.
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É claro que existem exceções ao que acabei de dizer, mas o fato é que esta regra é que deveria ser exceção de acordo com a boa e velha ética.
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E nestes tempos de eleições, o compromisso, ou não, com a ética de certa parcela da sociedade merece um pouco mais de nossa atenção: os políticos.
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Sei que esse é um assunto delicado e quero deixar claro que não estou aqui defendendo ou criticando nenhum candidato em particular, tampouco minhas palavras aqui se destinam a qualquer um deles, a mensagem que quero passar é destinada aos eleitores.
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O meio político é aquele onde mais facilmente conseguimos enxergar os sintomas e efeitos do colapso da razão ética. É aqui que conseguimos ver mais claramente a corrupção, o individualismo extremo e o sucesso pessoal como objetivo maior.
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Mas quero lembrá-lo amigo leitor, que sim, os políticos corruptos roubam e enriquecem às nossas custas, mas muitas vezes é por nossa culpa, e sempre com nosso consentimento.
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Sim, porque fomos nós quem lhes demos o poder através do nosso voto, e somos nós que legitimamos a cada dia a cultura das transgressões nesse país.
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Somos orgulhosos pelo famoso “jeitinho brasileiro” de consertar tudo, afinal o que os olhos não vêem o coração não sente, e é aí que damos total liberdade de nossos políticos também darem um “jeitinho” na vida deles como nós tentamos fazer com as nossas.
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Tudo que vemos acontecer no meio político é apenas um reflexo do que nós mesmos fazemos no dia-a-dia, somente que em maiores proporções. Não podemos reclamar da corrupção, pois ela está instaurada não apenas na política, mas em cada ramo da sociedade, em cada relação de poder, desde a entre Presidente e nação, até a entre patrão e empregado ou mesmo pai e filho.
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Quebrar as regras pra defender os próprios interesses não é exclusividade dos poderosos, mas é a escolha de cada um de nós, e não me entendam como moralista, pois falo, ou melhor, escrevo estas palavras com a certeza de que eu também ajudei a legitimar essa cultura e que também cometi as minhas próprias transgressões, e atire a primeira pedra aquele que nunca fez nada que fosse no mínimo anti-ético.
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Na política podemos até ver mais claramente toda lama onde estamos afundados, mas se você prestar um pouco mais de atenção vai perceber que somos todos responsáveis por esse lamaçal em que o país se meteu e que um pouquinho dessa lama toda fomos nós mesmos que jogamos.
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Então caro leitor, aproveite esta chance que virá no dia 5 de outubro pra pensar um pouco melhor sobre o que você espera dos políticos da sua cidade, conheça seu candidato, se informe sobre suas propostas, sobre seu passado e principalmente sobre sua conduta ética, e antes de tentar dar um “jeitinho brasileiro” e votar sem saber o que você está escolhendo para poder voltar logo para casa e aproveitar o domingão, assuma sua responsabilidade como eleitor e como cidadão e na hora de votar pense no futuro da sua cidade e não no churrasco de comemoração do candidato que você está escolhendo.
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Diego Coletti Oliva, 22 anos, Eleitor, Transgressor culpado e confesso, Estudante de Ciências Sociais na UNESP de Araraquara, Escritor nas horas vagas e pretenso Jornalista.
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