Reis E PRESIDENTES na rota de OLHÃO
(J. BRITO SOUSA)
REIS e PRESIDENTES na rota de OLHÃO
Vai comemorar-se agora 200 anos, que os homens de Olhão venceram no sítio da meia légua as tropas de JUNOT, na altura da primeira invasão francesa.. Isso foi em 1808 e dois meses depois, um grupo de pescadores, deslocou-se ao Brasil no Caíque Bom Sucesso, para comunicar a D. João VI a vitória sobre os franceses.
Raul Brandão fala, na sua obra "Os Pescadores", numa estada do Rei D. Carlos em Olhão e, a propósito da honradez dos olhanenses, um homem à parte no Algarve, diz que o Rei os estimava muito, que, acrescenta dizendo que estes falavam de igual para igual, como se de um pescador de maior categoria se tratasse.. “Às vezes D. Carlos encontrava-os no mar alto, - Então que a tal a pesca?- Nada – Também, vocês estão aqui, e ali em baixo, a três milhas, o peixe anda aos cardumes.- Mas com este vento, como é que a gente há-de lá ir? – Botem os cabos!... – E, voltando atrás, levava-os a reboque do iate até ao sítio da abundância”
Quando o Olhanense foi campeão de futebol em 1923, aconteceu pela primeira vez no historial do futebol nacional, que o Presidente da Republica também esteve lá, isso que já era pratica no estrangeiro, mormente em Inglaterra, onde o rei comparece regularmente nos desafios da famosa Taça de Inglaterra.
“A primeira final em Lisboa, no jogo com o Vitória de Setúbal, ficou ligada à primeira presença do Senhor Dr. Teixeira Gomes, Presidente da República, no camarote principal. Antigo desportista praticante, frequentador assíduo dos campos de futebol e perito conhecedor do jogo, o Chefe de Estado seguiu a partida com vivo gosto e no final do desafio mandou chamar os jogadores e o árbitro ao seu camarote, a todos apertando a mão, ao mesmo tempo que os felicitava”
O senhor Presidente, teve palavras de particular apreço para Tamanqueiro, como se vê, na citação de Norberto Lopes em “O Exilado de Bougie”: «Se alguma visão risonha e animadora me ficou do turvo período da minha presidência, foi dos combates de futebol e dos espectáculos dados pelas nossas associações desportivas a que assisti. Diante dos olhos ainda me perpassam os corpos elegantes dos voadores do Ginásio Clube, atirando-se em curvas harmoniosas pelas alturas estonteadoras do Coliseu; das tardes heróicas do Campo Grande, aclamadas pela multidão imensa, destaca-se, na luz vermelha do poente, a forma tão juvenilmente obstinada, na sua ubiquidade inverosímil, do Tamanqueiro, caindo, erguendo-se, pulando com a elasticidade de uma péla, ou como se a terra lhe servisse de trampolim, sem deixar nunca de sorrir...»
Raul Figueiredo se chamava. Tamanqueiro era alcunha. Nasceu em Setúbal, Cândido Ventura, quando sonhou fazer do Olhanense campeão, foi pescá-lo ao Sado. Era a sua arma atómica, um desses jogadores fabulosos que chegavam até a driblar a própria sombra. Apesar de condição meã, tinha uma impulsão extraordinária, tornando-se por isso (para espanto de todos) temível até em jogadas aéreas. Taxista de profissão, assim continuou quando, em 1926, ingressou no Benfica tornando-se um dos seus maiores ídolos. Como médio-centro discernido no trato da bola, rápido e versátil no desenho de todas as jogadas, tão ecléctico que poderia ser defesa ou avançado também, foi uma das estrelas de Portugal nos Jogos Olímpicos de Amesterdão. Já em final de carreira passaria por Sp. Braga, Académico do Porto e União de Coimbra — e pelo Huelva, como jogador-treinador. Um dos seus filhos, Figueiredo, foi defesa famoso do Belenenses, emigrando depois para os Estados Unidos da América.
SOUSAFARIAS
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