Cristologia
(Jurgem Moltmann)
Caminhos e transformações da cristologia
O cristianismo está e permanecerá vivo enquanto existirem pessoas que confessam: "Tu és Cristo, o Filho do Deus vivo". Toda cristologia, como objeto da fé cristã a pressupõe viva em Cristo onde pessoas confessam que Jesus de Nazaré, Messias de Israel é o Redentor do cosmo. A cristologia não apenas pressupõe essa fé mas reconhece Jesus Cristo, na percepção da comunhão no Cristo. Os cristãos crêem em Deus por causa de Jesus, e em Jesus (ressuscitado por Deus dentre os mortos), um Deus vivo que ressuscita mortos - o início da nova criação - e é Senhor.
Se restringirmos o tema da cristologia à pessoa terrena de Jesus, a reduzimos o "Jesus histórico" numa pessoa primitiva deixando de ser interessante e quem, depois de dois mil anos, ainda iria se preocupar por um Jesus de Nazaré histórico, primitivo e falecido?
Na cristologia não é possível separar da ética cristã (Cristo como razão da salvação e da nova vida), teoria e prática. O lugar para a cristologia é a Sua comunidade e o "memorial de Cristo" no comer e beber de sua Ceia é essencial para a cristologia, torna a presença de Cristo experimentável ao compartilhar pão e vinho como corpo e sangue de Cristo, assim também a comunidade se experimenta em sua fraternidade e irmandade. Essa teoria aponta para além de si e para o cumprimento da vontade de Deus. A cristologia prática conduz a comunidade aos pobres, aos doentes, aos oprimidos para onde a comunidade messiânica é enviada. Por causa Dele, a comunidade tem com os pequeninos seu lugar de comunhão. A teologia protestante examina todos os seus enunciados, e os relaciona com as pessoas na miséria. O que antigamente, desde Hiroshima, apresentou como miséria das pessoas, não sendo mortais apenas as pessoas, mas todo gênero humano, tudo se tornou mortal. A salvação de Deus é a manutenção de tudo na terra ameaçada pela destruição.
A natureza não pode ser concebida sem a pessoa, nem o ser humano sem a natureza. Reconhecer ser humano, finito, mortal, não existente de si mesmo é a concordância para viver corretamente. O ser divino é eterno, o ser humano é parte na glória do eterno, ser divino significa receber uma vida que não conhece a morte. Deus se fez homem para que nós homens nos tornássemos deuses, isto é, para que tivéssemos parte da vida divina. O eterno Filho de Deus se torna homem para que nós homens recebamos a filiação divina.
O deus-homem é a constituição teológica da pessoa de Jesus, é uma cristologia que acompanha o Cristo da morte na cruz para a ressurreição, é a cristologia ascendente, de baixo para cima; toda cristologia da encarnação acompanha o Filho de Deus de cima para baixo é a cristologia descendente. A ressurreição de Jesus dentre os mortos não é apenas um fato temporal, mas prova da presença da eternidade de Deus. Se mortalidade é conseqüência do pecado, o Logos assumiu uma natureza humana sem pecado e pela sua natureza divina é imortal.
A comunhão da igreja cristã abrange pessoas no Terceiro e no Primeiro Mundo. As pessoas do Terceiro Mundo foram transformados em inumanas. Um processo tecnológico favorável ao capital, injustiça social e dominação de seus povos. Surgindo uma população abaixo do limite da pobreza, condenada ao desemprego, sem participação na riqueza e que estão sobrando. São desafios para a teologia cristã não limitada a perguntar: quem é Cristo para nós hoje, mas que pergunte: Quem é Cristo para tirarmos proveito de sua pobreza para os pobres do Terceiro Mundo? Ele morreu como irmão dos abandonados, como cabeça da comunidade e como sabedoria do cosmo.
Virnney Domingues
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