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Cigarro: problema ou solução?
(Maria Elizabeth Timponi de Moura)

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                              Cigarro: problema ou solução?         

       No antigo debate entre causas orgânicas e psicológicas o relatório do Dr. Koop (1988) pode ser considerado como um marco. Ele aponta que a nicotina é uma droga que causa dependência ao tabaco com processos comportamentais e bioquímicos semelhantes aos que acompanham outras drogas como heroína e cocaína e que deveria ser tratada “como uma doença médica nos mesmos moldes do tratamento de outras substâncias aditivas.”
       E ntretanto as medidas voltadas para aliviar os sintomas provenientes de uma abstinência através de medicamentos substitutivos, são aceitas por aqueles que já tomaram a decisão de largar o cigarro.   Decisão que efetivamente exige um processo para ser alcançada.
       Este processo envolve certamente informações objetivas e científicas alertando para os malefícios mas o pouco sucesso em apelar para a consciência dos tabagistas deve ser objeto de reflexão pois leva a constatar a preponderância de um outro tipo de razão.         
       Em carta supostamente escrita por Clarice Lispector à amiga Berna em 2 de Janeiro de 1947 encontramos: “Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso – nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro”. Esta referência fornece a interessante perspectiva de estabelecer uma função (e de sustentação) mesmo para aquilo que sabidamente é danoso.
       Para inúmeros tabagistas a maior dificuldade em abandonar o cigarro, é exatamente seu aspecto terapêutico, isto é, o fato paradoxal de que ele de alguma maneira possa ter uma função restauradora.
        Mantidas as diferenças, pois o cigarro não substitui a mulher como acontece com o álcool, há pouca disponibilidade para intromissões neste “casamento feliz”, utilizando expressão de Freud em 1912   sobre a relação de Böclin com o vinho.
         Mais claramente isto quer dizer que a não ser que o sujeito se disponha, e dê permissão é muito difícil penetrar nesta relação.   Relação intermediária entre auto-erotismo e relação de objeto, nível de sentido ligado ao que se leva à boca. Relação sobre a qual não se fala, que escapa da linguagem.          
       O aspecto inegável da dependência química pode ser considerado como   universal, mas o sustentáculo dos diferentes tipos de vínculo estabelecidos com o cigarro está no registro do particular. No registro do um a um, o que leva a tomar também como referência na condução do tratamento, os limites do particular que se impõe no caso do tabagismo. Há uma construção feita com o cigarro (tomado como objeto) que se insere num quadro de referência onde o sujeito tem o código que permite uma leitura.
       De um modo geral o que as impulsões indicam é que o sujeito “sabe” que há uma construção subjacente ao vício e esta construção é preservada. A experiência clínica ao invés de ser tomada como referente a poucos casos, isto é sem representatividade suficiente para constituir dado confiável, deve ao contrário   apontar questões inerentes ao tabagismo que podem estar diretamente relacionadas ao pouco sucesso de alguns programas de tratamento.

                                                                Maria Elizabeth Timponi de Moura
                                                                   Psicanalista – Belo Horizonte



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